Resultante zero

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Dizia um pensador das questões brasileiras, que a elite dirigente atrasava um passo durante o dia e o País avançava dois à noite. Isso por muito tempo foi uma verdade incontestável. A prova está no avanço que obtivemos ao longo de décadas, mas aos olhos de hoje tenho dificuldade de identificar essa positiva movimentação noturna. Venho me interessando por este tema porque toda vez que a oportunidade surge, o diálogo com os empreendedores é ponteado por uma excessiva presença do governo, quase sempre negativa. E nunca foi assim. Lembro-me do Ari Beraldin, e sua luta vitoriosa pela seda brasileira, onde nunca considerou a presença de qualquer política econômica. Ao contrário. Propagandeava claramente a virtude da informalidade.
Recentemente aqui em São Paulo, a prisão de uma mulher por conta de manteiga surrupiada, fez um contra-ponto com os mensalões e que tais, desestimulando o crédito na justiça e na política. Assim como a violação do segredo bancário do caseiro por contradizer o ministro, trouxe insegurança ao cidadão no seu mais básico direito numa sociedade democrática. Não é fácil convivermos com isso tudo. Sempre foi assim, dizem os eternos arautos do caos pátrio. “Vejam a febre aftosa…!” Relembram eles. “Era tudo previsível e não se tomou providência alguma”. Por último ainda lembram a “dengue” só pra judiar. Mas, mesmo diante deste quadro, a falta de atrevimento empreendedor é o que mais me preocupa. Porque é um sinal muito forte de que estamos capitulando.
Os indicativos internacionais continuam bons. Os desafios da modernidade permanecem possíveis de serem vencidos por um povo como o nosso. Então não são fatores externos que estão nos paralisando. Algo entre nós aconteceu que desestimulou a busca de uma situação melhor. E não há solução possível para qualquer mal, quando se perde a vontade empreendedora. Os descaminhos não podem ser apenas compensados com uma estratégia de sobrevivência pessoal ou de pequenos grupos, porque assim a resultante é zero. Penso que recuperaremos a nossa histórica performance. Os governos passam e a sociedade busca, incessante, se viabilizar. É assim.

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