Democracia e pânico: a nossa sobrevivência

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No sábado, através das linhas escritas pelo ex-presidente e senador José Sarney, soube da definição que tinha Churchill sobre a democracia. “Se tocarem sua campanhia de casa às cinco da manhã, só pode ser o leiteiro”. Vejam que nada se parece com a sociedade brasileira. Fácil concluir, portanto, quão longe estamos da vida democrática.
Sempre resisti muito à idéia do caos urbano. Me esforcei, e vocês são testemunhas, em criar sobre tudo isso uma possibilidade de construção. Mesmo sobre as questões mais caras, como o aquecimento global, por exemplo, vejo um estímulo à engenharia humana, provocando uma nova revolução industrial. Onde a produção consuma muito menos energia, diminua o impacto ambiental e as diferenças sociais. O caminho sempre foi esse. A dificuldade sendo superada por um passo a frente.
Mas a desordem social das grandes cidades tem me deixado incrédulo. Todo dia um fato novo e pior que o do dia anterior. Li estarrecido o relato de uma jovem que testemunhou a bárbara execução dos seus amigos numa praça do Jaraguá. As balas perdidas sobre crianças e mulheres grávidas. O medo, o pânico e o salve-se quem puder. E não estou transcrevendo uma guerra tradicional. Pior. Apenas uma sociedade sem rumo. Nunca a necessidade de democracia foi tão gritante. Porque nela está implícita a paz sem medo e a certeza do amanhã.
Escrevo assim porque fui atingido pessoalmente. Assaltaram Daniele com a brutalidade de um revólver, em frente a sua casa. E, à principio, todas aquelas coisas que passam pela cabeça da gente nesta situação, me ocorreram. Mas hoje, passadas algumas luas, com o conforto da nossa sobrevivência, convido Dani e a todos, vitimados ou não, para construirmos uma nação democrática.

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