Qual a graça sem marcha?

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O carnaval trouxe uma polêmica para a Vila Madalena. Uns querem a festa e outros estão ressabiados com as confusões trazidas pela Copa do Mundo. Na minha maneira de ver, todos têm razão. Prova de que precisamos ter uma intervenção de governo melhor apropriada, para que nem um dos lados fique frustrado.

A minha preocupação anterior é a situação insossa da sociedade brasileira. Até aquele espírito irreverente que nos fez superar o sete a um da Alemanha não vejo sobreviver agora. Não há mais graça em nada. Estamos todos perplexos em relação ao futuro. Não fosse a resistência brilhante das Escolas de Samba, o carnaval passaria em brancas nuvens. Lembro do verso “cidade que me seduz, de dia falta água, de noite falta luz”. 

Lá atrás, o líder xavante Mário Juruna, em campanha para deputado federal pelo PDT, enfrentou uma plateia de estudantes da USP, onde um jovem, lembrando da sua tradicional alegria e do hábito de gravar as autoridades, inquiriu: cadê seu sorriso? Juruna pediu para repetir a pergunta três vezes, para concluir: rir do quê? E é assim que estamos agora.

Vejam que nem assuntos tenebrosos como o petrolão e etc. chegaram a animar os nossos compositores, mestres da irreverência, a compor as belas marchinhas, como nos velhos carnavais, onde nem a cabeleira do Zezé escapava. Mesmo assim, somos a favor da festa, mas como é que vai haver carnaval sem marcha? Nossa esperança é a “Pérola Negra”, mas vou logo avisando: sem marcha não tem graça.

José Luiz de França Penna
Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena

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