O medo e a mudança

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Não só a tecnologia, mas as ideias também avançam e vejo aqui e acolá pessoas presas a antigas certezas, vomitando chavões como muletas para sua própria existência. A vida é maior que tudo isso. Acho que tem as opiniões como patrimônio, como traço determinante da personalidade. E se facilitar com o contraditório, pode até endoidar. E daí? Recorro mais uma vez a Fernando Pessoa: “O que é o homem sem a loucura, mais que uma besta sadia, cadáver adiado que procria”.

Evidente que não defendo o contrassenso, mas a abertura para entender o movimento das coisas no mundo que é rápido e constante. E para cenários diferentes… um outro olhar, uma outra solução. Falo disso porque esse é um instrumento que, além de atrasar a sociedade, produz infelicidade ao portador. Portanto, situar as ideias no tempo e espaço, rever sempre com coragem, desde as coisas mais simples até a realidade complexa do planeta e de um país como o Brasil. Por que o medo de errar? A imobilidade produz um prejuízo maior.

Vejam a questão da Amazônia. Tínhamos que desenvolvê-la para não perdê-la. O imperialismo estava com os olhos grandes em cima, e desmatamos, mandamos bois e motosserras como imperativo da nossa soberania. Parecia certo, e agora? Agora preservar é pouco. Temos que reflorestar furiosamente para equacionar o grave problema da seca no Sudeste e todo país. Trocar a SUDAM pela SUREFLAM (SUPERINTENDÊNCIA DO REFLORESTAMENTO DA AMAZÔNIA).

Quando era menino, me impressionou uma campanha de escovação de dentes. A Kolinos, com filmes educativos, recomendava tanto o uso de escovas que peguei uma paixão por elas. Usava até acabar. Recentemente, ouvi uma doutora dizer para observar o prazo de 60 dias de vida útil do aparelho. Puxa! A minha escova virou aparelho. E o pior, descartável. Mas a vida anda. Tô nessa. 

José Luiz de França Penna
Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena

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