Penna: A ideologia ou…

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Lembro que antigamente se dizia que a religião era o ópio do povo. Isso era uma verdade tão incisiva e estendemos esse tal ópio para várias manifestações naturais da sociedade. Até o amor, quando não foi considerado uma coisa menor, era também taxado como vício. Qualquer manifestação de alegria era vista como uma alienação retumbante.

Nesse contexto, o futebol foi associado a essas mazelas. E as resenhas do rádio, as mesas redondas da TV, eram programações de segunda classe. Como joguei bola até quando tive perna, nunca participei dessa falação. Hoje reconheço que essa coisa ideológica está um pouco fora de moda. Mas ainda assim, algumas posições revelam a sobrevivência. Por exemplo: Esse discurso dos salários astronômicos dos jogadores de futebol que fatalmente são comparados com a nossa pobreza endêmica, escondem a realidade de ser o maior espetáculo televisivo do planeta. Quanto deveriam ganhar então os astros da bola?

Outro dia, topei com um desses. Dizia aos brados que não iria assistir um espetáculo feito por milionários. “Eu não vou fazer coro com essa palhaçada!” Me diverti com ele e vi claramente que ele buscava uma notoriedade no contraponto, vez que passavam moças e rapazes com as camisetas amarelinhas da seleção.

Até aí vou levando. Mas, quando se chega ao absurdo de torcer contra, fica nítida a posição ideológica anti-governo. Não quer fazer parte desse coro dos contentes, como diria Torquato Neto. Como se a alegria fosse uma adesão a esse cenário de dificuldade política. Ora, isso não tem nada haver! Entre a razão e a felicidade, fico com as duas. Devo dizer que me faz muito bem ver a seleção jogar.

José Luiz de França Penna, Presidente de Honra do
Centro Cultural Vila Madalena

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