Não ando mais pela Vila sem ser parado com essa insistente pergunta… Faz o que? Se não sentisse a ansiedade com que é feita, responderia a já clássica; “Quem souber morre”. As vezes dou de ombros e vou andando, e as vezes sou pego no estreito e tenho que falar alguma coisa mais. A sensação que me dá é que estamos em queda livre. Num vácuo gigante.
É verdade que perdemos a paciência com a crise. Ninguém quer saber de viver assim. E esse índice de pequena recuperação da economia, penso eu, deve-se a essa nova performance. Às favas com a crise, vamos tocar a vida. E mesmo diante de um quadro social desalentador, notícias de corrupção e violência, decidimos enfrentar. Mas as eleições vindouras questionam em quem votar e geram esse quase desespero. E esse voto significa pra onde ir. Perdoar a corrupção e acabar a lava jato. Enfrentar militarmente a violência e outras mazelas, ou um gestor para cuidar bem das contas públicas.
Lembro do olhar aflito de duas senhoras, a me fazerem de líder e elas como lideradas, indagando sobre o que fazer agora. Vamos esperar as coisas se definirem mais. Temos tempo ainda, numa saída pela tangente. Respondi. Porque é chato dar uma de sabe-tudo quando a complexidade pede cautela.
Na verdade, também não tenho clareza. Tenho temores. Ainda tenho preocupações pela radical desmoralização dos políticos. É bom ou ruim? Não é uma abertura perigosa aos aventureiros e ao militarismo? Também perpetuar esse quadro dirigente não é perder uma chance de renovar profundamente as lideranças políticas? Ouço o que a minha memória selecionou para o momento; “Enquanto se tem tempo não se tem pressa”. Vamos continuar pensando a melhor saída, e aí poder responder o que fazer.
José Luiz de França Penna, Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena