Como é que a gente voa quando começa a pensar (Lupicinio Rodrigues)

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Estou debruçado sobre o teclado do computador e a cabeça passeando sobre a Vila Madalena. Saio pelas ruas num passeio quase real, pelas ladeiras e becos, quase porque vejo o que era o bairro, o que poderia ter sido e o que é hoje. Não faço juízo critico. É um passeio sentimental.

Um balanço do que pode o sonho da juventude e sua força transformadora. Em outra oportunidade tentei traduzir os porquês da nossa chegada, a condição política do País a época. Autoritarismo e conflito de geração. O fato é que jovens de muitos lugares vieram pra cá e produziram um espaço urbano comprometido com o futuro da cidade.

De que nos adianta a angústia pelo que poderia ter sido, a não ser empanar o brilho do que fizemos. Um bairro como o que hoje temos é obra para o registro histórico. De um canto esquecido pela reurbanização, para um espaço que dita o caminho a ser perseguido por toda a parte. Aqui é um farol que irradia vivências. E mais. Uma lição a ser aprendida. Precisamos ouvir com atenção os sinais da juventude. Tenho orgulho de ter participado desta empreitada, agora que já me distanciei desta chama juvenil.

Tenho comentado sobre as dificuldades brasileiras. Esse momento de descompromisso com a nacionalidade, que gera violência, corrupção e desatinos generalizados. Estamos com a autoestima em baixa, mas não podemos fazer como a avestruz, enterrar a cabeça na areia até esse tempo passar. Ao contrário. Precisamos ficar atentos aos movimentos dos barcos. Abrir caminhos nas brechas. Buscar exemplos como esse da Vila para nos fortalecer no enfrentamento.

Esses dias no meu trabalho na secretaria de Cultura recebi um grupo de intelectuais e artistas para discutir programas culturais. Uma conversa muito rica. Alguns já os conhecia, até o momento em que chegamos a Vila Madalena na conversa, e aí todos tinham vivido em algum instante aqui. Não é que eu seja bairrista…, mas é a glória!

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