Um país de suspeitos, não é a nossa cara

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José Luiz de França Penna

A todo instante mais e mais delações ocupam a mídia. A tensão está no rosto das pessoas. As interpretações de qualquer fato, ou mesmo de qualquer acidente é impregnada pela conspiração. Até a morte do ministro Teori, quanta loucura! Não fosse a morte da garota massoterapeuta no mesmo avião, nada estaria fora do script. O clima geral de suspeição contaminou tudo. Outro dia um amigo me cumprimentou: ”Meus parabéns, nessa bagunça seu nome não apareceu”. Fui saindo e pensando… nem o seu.

Não deixa de ser um momento de grande sofrimento, ainda mais sem dinheiro, pois continuamos nessa crise financeira que não aponta saída. É ai que mora o perigo. A junção dessas mazelas vai contribuir para extinguir o já baleado pacto social brasileiro. Ou o cenário das facções se matando não é um sinal claro? Como pode chamar de crise carcerária esse fenômeno que é absolutamente social e que revela a situação falimentar do ESTADO. Há anos venho tentando colocar no debate político esse tema. Acho que a atividade eleitoral desconfia que isso não dá votos, e vai se empurrando com a barriga indefinidamente.

Ainda bem que o carnaval vem aí. E vários motes vão exorcizar esse quadro. Por exemplo, o Eike Batista, do cume à merda. Seu tutu acabou em Bangu. É assim que recuperamos a nossa velha estima e reagimos sobre as dificuldades. O Brasil precisa mais do que nunca dessa prática pouco convencional que é nossa. Anárquica. Mas que tradicionalmente nos têm salvado. Refazer o pacto social no País, não importa como, é um imperativo. A nação não é um conceito vago. É um exercício permanente de construção.

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