Um vírus oportunista

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Sinto que na sociedade, em relação à politica, exista um fascínio pela terra arrasada, como se fosse uma necessidade para o florescimento de um mundo dos bons. Claro que estou firme em defesa das investigações. Pelo fim de toda corrupção. Mas a história está cheia de momentos semelhantes onde esse posicionamento terminou reinventando o atraso, a intolerância e o fascismo. Um vírus oportunista pode invadir esse corpo debilitado pela crise brasileira.

Lembro-me dos finais dos anos sessenta, quando o young power (poder jovem) pôs em xeque o velho mundo (old power). Acreditou-se que o sistema iria cair de podre. O que se viu foi seu restabelecimento vigorado, levando a “guerra fria” por longas décadas. Mais recente, com o fim da ditadura, o voto direto traria inéditos e avançados personagens. E o que se viu, ao contrário, foi nem avanços nem inéditos. Isso para citar alguns exemplos.

Como a realidade brasileira está segmentada em duas posições, pró e contra, a minha experiência alerta que podemos ter surpresas, e a única forma de antídoto é prepararmos os passos futuros, inclusive porque na crise é o momento próprio para analisar o que nos trouxe até aqui, e aonde devemos chegar. Tudo leva crer que só uma profunda reforma política pode desatar esse nó. QUE ESSE PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO seja enterrado, e a solução parlamentarista, observada com generosidade.

Nunca falei desse jeito com vocês, mas vejo uma casca de banana gigante posta em nosso caminho que senti obrigação de falar claramente o que penso. Isso que chamei de vírus oportunista é uma ameaça concreta para um retrocesso além do horizonte. E… mais vale dois marimbondos voando do que um na mão, como diria o Barão de Itararé.

José Luiz de França Penna, Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena

 

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