Camaleão é tudo

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Por que a fantasia no carnaval? Nenhuma me satisfaz. Não entendo por que uma pessoa se adorna daquele jeito. Alegria. Exibicionismo puro e simples, ou sexualidade”

É da natureza dos seres vivos, confesso que dos inorgânicos não tenho qualquer exemplo, a camuflagem para os mais variados fins. O mimetismo como forma de confundir, alterando sua cor, tanto no reino terrestre quanto subaquático. Os aromas também são trabalhados, ora para atrair, ora pra espantar. E os fins são conhecidos: alimento, fuga, ataque e sexo.

Nas aves, os machos se embelezam abrindo suas penas coloridas, às vezes acompanhadas por um canto sedutor, para cortejar as fêmeas. Já em outros animais, são as fêmeas exalando um cheiro inebriante do acasalamento. Tudo é assim. Tem por que, meio e fim.

Nos seres humanos, embora já tenha quilos de interpretação, por que a fantasia no carnaval? Nenhuma me satisfaz. Não entendo por que uma pessoa se adorna daquele jeito. Aqueles pesados adereços, às vezes se deixando identificar, às vezes não, pra que finalidade? Alegria. Exibicionismo puro e simples, ou sexualidade.

Que razões eu teria para me fantasiar? Nunca me vi numa situação dessas. E começo a buscar na memória. Sim. Um dia saí de pijama com uma máscara para ser um mero observador da folia. Ri muito, mas não repeti. Indo mais fundo, recordei agora de um fato que talvez explique o trauma. Na infância, me fantasiei de mato. A criativa professora construiu, de papel crepom verde musgo, essa alegoria. E quando a canção infantil cantava “E o mato cresceu ao redor, ao redor”, a gente entrava de mato. Vê se pode? E não pode mais nunca.

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