Manual de navegação

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A vida ficou tão complexa que todos precisamos fazer um roteiro para atravessá-la. No cotidiano já usamos tantas indagações sem que percebamos. É comum perguntarmos, quando não consultamos o Google, “vai chover hoje?” E qualquer um responde com muita segurança, “só à tarde”. E o trânsito? Já temos um programinha no telefone que lhe põe um caminho alternativo mais apropriado. Assim, tantas frentes de indagações para que consigamos singrar esses mares da vida moderna, que revela o quanto está difícil viver, o que deveria ser apenas respirar.

Você me pergunta se estou deprimido; respondo com tranquilidade que a realidade não mata. O que mata é não sabê-la. Vejo com muita frequência as pessoas festejando os avanços tecnológicos como se fossem instrumentos de simplificação da vida e não a tentativa de solução das dificuldades novas e crescentes. Como dizia meu saudoso amigo Chico Barriga, em momento de grande lucidez, “o computador resolve todos os problemas que a gente não tinha”. As consequências dessas modernidades todas saberemos lá na frente quando algum tirador de sarro como Kafka, fizer a crônica. No entanto, há que se notar que a comunicação eletrônica é escrita, e mal escrita, diga-se, provocando visivelmente transtornos à oralidade.

Sei lá aonde chegaremos, mas certamente deveremos atacar as complicações climáticas, por exemplo. Não é possível mais sermos surpreendidos por catástrofes como seca, inundações, tufões e etc., sem as corretas previsões. Então, nesses próximos capítulos teremos que ter orientações efetivas sobre as mudanças do clima on-line para seguirmos trafegando. Uma ampliação considerável no nosso manual de navegação. Todos a bombordo!

José Luiz de França Penna
Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena

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