O Sabiá volta|a cantar

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O Sabiá volta a cantar

Ele ficou fechado por dois anos e os boêmios de botecos ficaram à deriva. Não foi por falta de opção, mas com a chegada frenética de casas chiques de gastronomia e afins que ocorre no bairro, a transformação gradativa de público e de cenário é quase inevitável. Rapazes modernosos e patrícias nem tanto moemizam o burburinho madalênico.
Desde o Pé-Prá-Fora e o Platibanda, nenhum lugar ainda tinha conseguido resgatar a atmosfera botequinesca que os paulistanos adoram respirar. Um papo gostoso e uma paquera irresistível, uma porção de moela acompanhada de um chope tirado na medida é o que essa terra faz com maestria, e o Sabiá é um daqueles lugares que fala a língua da Vila.
O novo cardápio do restaurante ganhou mais suavidade ao reduzir o número de pratos. A entrada de Graziela Tavares na sociedade com os irmãos Leonardo e Stefânia Gola (sócios do Bar Ó do Borogodó) e Fernando Szegeri foi além do contrato social: Graziela foi para a cozinha levando na alma os ensinamentos de pessoas, diz ela, imprescindíveis para que isso tudo pudesse acontecer. “Trabalhei quatro anos com Carlos Siffer, do restaurante Tambor e foi uma superescola, devo tudo a ele, aprendi muita coisa, a cortar, a misturar corretamente os temperos, que também é importante”, comenta.
A trajetória da chef acumula passagens pelas cozinhas do Tordesilhas com Mara Salles, em 2004. Por seis meses, fez pesquisa de pauta para o programa Mesa Para Dois de Alex Atala e Flávia Quaresma, transmitido pela GNT, em 2005. Nas artérias, o sangue das avós representadas pelas duas maiores influências da gastronomia brasileira, a portuguesa e a italiana, dão origem a uma comida autenticamente paulistana, ou camponesa, como a chef prefere definir.
Eleito como um dos preferidos por aqueles que conhecem a região como ninguém, os descolados nativos afirmam que, esperar por dois anos deu uma saudade danada, mas finalmente, o pássaro voltou ao ninho.

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