Nunca estive numa situação dessa. Rezo todos os dias pra ninguém me perguntar nada. O que eu acho disso ou daquilo, ou qualquer coisa que seja. Estou enclausurado em meus pensamentos tentando achar o fio da meada, talvez, pra desenrolar o novelo dessa realidade brasileira pantanosa. Cada dia um fato desconcertante, mexendo as peças de um jogo onde só há perdas. Boto a cabeça pra fora tentando achar na história do mundo alguma situação análoga. Não acho. Vou das ciências humanas ao jogo de búzios, e nada. Confesso que ainda não desisti, mas não me façam perguntas.
Isso tem me trazido grandes dificuldades tanto políticas quanto em meu círculo de relacionamentos. Em casa então? Aí tem sido o mais difícil. Não responder as questões de Patrícia, e olha que são muitas. Das crianças. Dos amigos mais chegados. Esse período incômodo estará gestando algo diferente do adágio: “A montanha pariu um rato”? Não é a solução de tudo que espero, mas o conforto do entendimento.
A lista é enorme dos lugares e amigos a quem devo visitar. Lembro do Serjão e Elba, de Rubinho e Sandra e tantos outros que seria extenso demais. Peço que tenham paciência comigo. Até meus personagens que habitualmente me ajudam a descrever situações, reclamam na minha imaginação um diálogo mais incisivo. Edmundo, Mineiro, Dr. Celta e todos, haja paciência que dias melhores virão.
José Luiz de França Penna, presidente de honra do Centro Cultural da Vila Madalena