Tomo emprestado o título do famoso livro de Fernando Gabeira para comentar esse momento que vivemos. Parece que não aprendemos como é perverso criminalizar a opinião. É certo que temos nuances entre o que aconteceu no período autoritário e agora. Aquele era orquestrado por um governo. Um ódio visceral ao contraditório. E o mundo era outro. Era bipolar.
Capitalismo versos comunismo. Mas hoje, num mundo infinitamente mais complexo, o crime de opinião ficou além de bizarro. Inoportuno.
Culpam a internet, não tenho conhecimento pra dizer o mesmo. É cedo. Mas o fato é que houve uma fragmentação do pensamento em tal profundidade que até o núcleo familiar perdeu a disposição para dialogar, e uma onda de intolerância nos conflagrou. Justo na hora que mais precisamos de livres pensadores para investigar caminhos futuros da sociedade.
Mas aonde se reflete isso? Na perda da nossa histórica alegria, por exemplo. Normalmente temos creditado a crise econômica, que de fato nos traz dificuldades, mas não explica sozinha os altos índices de violência e intolerância que temos assistido. Nesse clima, ideários oportunistas, com bandeiras moralistas, tentam ocupar nossas cabeças. É preciso reagir. O sonho brasileiro de nação não é esse. E como dizia o velho samba, ”Tristeza, por favor, vai embora”.
José Luiz de França Penna é presidente de honra do Centro Cultural Vila Madalena