Até as flores observam diferenças

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As rosas exalam o perfume que roubam de ti, afirma Cartola na sua célebre canção. Mas nem todas as flores cheiram, será porque não roubaram de alguém? Mas que bobagem… Cito aleatoriamente outra frase do poeta para brincar com esta historia de interpretação. Aquilo que chamamos de realidade é tão vago quanto o número de cabeças somos. Então inventamos parâmetros, que viram regras, compromissos, para regularmos inclusive nosso pensamento.

O direito sagrado da discordância, da pluralidade de ideias, terá que ser preservado. É, no entanto, preciso reconhecer que nos dias de hoje não seja esta a tendencia. O mundo desrespeita as diferenças. Trabalha francamente pela uniformidade dos seres humanos. Então é necessário se dedicar cotidianamente a desconstrução desta prática, afirmando não só o direito quanto a beleza da pluralidade. A intolerância, que é filha predileta do fascismo, cresce na mesma proporção. Outro dia descia pelo eleva dor na companhia do meu compadre Minas, que é negro, e um outro passageiro o olhou com tal repugnância que se fez notar um posicionamento racista. Assim não dá.

Daí a minha animação com a Feira da Vila. Vi tanta gente bonita desfilando suas indumentarias extravagantes. Convivendo em harmonia. Isso me animou sonhar a possibilidade  de dobrarmos esta pagina difícil. Viva a Vila Madalena, com sua festa maior!

José Luiz de França Penna é presidente de honra do Centro Cultural da Vila Madalena

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