Olhar para o céu foi meu primeiro fascínio.
Ainda criança ficava entretido com o voo dos pássaros, as formações das nuvens, o céu carrancudo dos temporais.
“A praça é do povo como o céu é do condor” dizia o poeta Castro Alves, usando a liberdade dessa ave em voo, para chamar a atenção da sociedade humana da necessidade permanente de sermos livres.
Mas o tempo do céu romântico, limpo e simbólico, se foi. Da janela da minha casa a cada quatro minutos passa um avião. É tão verdade que o Caetano Veloso em seu conhecido frevo carnavalesco cantou; “A praça Castro Alves é do povo como o céu é do avião”.
É bom que fique registrado que São Paulo tem a maior frota de helicópteros do planeta. Acho que foram os intermináveis engarrafamentos que criaram essa necessidade de subir aos céus. Quem é que aguenta ficar tanto tempo para se locomover numa cidade tão congestionada?
É lógico que a saída seria essa, já que viadutos monumentais, vias expressas não resolveram o problema.
É claro que não estou falando nenhuma novidade. Tudo isso virou uma coisa corriqueira. Mas o que está por vir ainda não consigo processar. Li nos jornais que para 2025 já teremos uma importante frota de carros voadores. Fico tentando adivinhar como será o trânsito desses veículos no céu da nossa cidade. Deixo para vocês pensarem. Teremos o guarda de trânsito celestial? E disciplinar mão e contramão, pra quem vai e volta, nesse trânsito aéreo. Como deve ser a sinalização? O céu fica vermelho para parar essa maluquice.
José Luiz de França Penna
Presidente de Honra do
Centro Cultural Vila Madalena