Penna: Fala sério!

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Sempre zelei por esta crônica evitando um texto muito ácido. Mas as pessoas me pressionam para dar o meu entendimento sobre as eleições passadas. É com muito esforço, porque gosto do sabor natural da crônica. Mas para que não pareça recusa e concordância com o que se tem dito por aí, resolvi rasgar o verbo.

Ouço que a facada deu a eleição a Bolsonaro, por que ele teria a dificuldade de se posicionar. Ele nunca escondeu que não sabia nada e que chamaria especialistas, e o povo aceitou. Achou sinceridade em sua posição. Em algum momento ouvi dizer que a cusparada de Jean Willys foi a primeira mídia forte e espontânea. Ora, será que alguém vai engolir essa história? Será que os historiadores no futuro vão aceitar tamanha baboseira? Fala sério!

A mais nova justificativa é a insolvência partidária. Não é possível creditar a eles essa derrocada. Eles são vitimas do presidencialismo de coalizão, que espicaçou essas organizações ferozmente, comprando seus votos no congresso, criando novos partidos pra quebrar maiorias indesejáveis. O poder central no Brasil tem uma força descomunal.

Botando o pingo nos is, a real é que o estado brasileiro foi concebido para poucos. É secular esse modelo. Veja o fim da escravatura. Jogou-se a obscuridade uma enorme legião de negros, índios e mestiços. E suas histórias sem a menor cerimônia. Agora, o que foi feito nesses vinte e tantos anos de social democracia para atacar esse problema? Nada. Preferiram a luta pelo poder da forma mais espúria. Tratando o povo co m os doces manjados do assistencialismo populista. O poder pelo poder faz sempre a vítima preferida, a democracia. Restaurá–la não será fácil, mas é o que temos para o momento. Falei!

José Luiz de França Penna, Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena

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