Penna: Ufa! Cansei!

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Quero falar pra vocês o estranho fenômeno que tenho identificado em varias situações na sociedade, que é a solidão. Desde o presidente até um simples mortal, todos reclamam desse mal. Mas não consigo porque estou realizando uma mudança de apartamento e as demandas são enormes. A Tarsila me chama a todo instante; ”Já providenciou o caminhão?”. Calma! Você não vê que estou escrevendo… Respondo com impaciência. Pois é. Como dizia, a solidão está em toda parte. Portanto, é uma questão política. “E como fazer com o sofá, que entrou pela janela?” Não sei Patrícia. Se ele entrou pela janela, vai sair por ela. Tento retomar meu assunto, mas eis que chega dona Rita, minha sogra que veio ajudar, cheia de caixas pa ra embalar as coisas, inclusive meu computador.

Paro quase derrotado e tento retomar na outra casa. E sobre uma desarrumação assombrosa, abro o laptop e tento escrever lincando esse fenômeno, a solidão, com o momento que atravessamos que é de esgarçamento grave do tecido social. A sociedade é um compromisso, e no seu rompimento… Aí Margarete grita advertindo que o rum, o cachorro nosso, está mijando a casa toda. Prendam ele na área, respondo interrompendo meu raciocínio. Ora, é um comportamento normal do cãozinho.

Respiro fundo e reflito sobre a possibilidade de continuar esse projeto. Será que conseguirei? Olho o relógio e lembro que deverei voar para Brasília logo mais. Continuar no avião não parece aconselhável. É melhor lá em casa a noite. E agora estou aqui com a cabeça atropelada pela confusão do dia. Acho melhor parar. Fazer uma mudança e escrever é desumano. Revejo cenas inacreditáveis de memoria. O tal sofá escalando onze andares para o novo apê. Ufa! Cansei.

José Luiz de França Penna, presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena

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