O desertor natalino

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Como um pequeno duende desprendido do grupo de Papai Noel, entro na floresta repleta de Marias-Sem-Vergonha e por baixo delas vou estourando com um palito de fósforo queimado suas bolhas grávidas de mais Marias, que explodem em bolas de natal estilhaçadas feito os fogos do réveillon de Copacabana. Fragmentos da noite anterior, que foi boa, penso.

Sigo feliz explorando a floresta tropical, minha lenda é mais real, meu lado Duende tá mais para Curupira, longe daquele trenó, suas renas meio hienas do Polo Norte e o vôzinho risonho da Coca-Cola.

O velho Noel, diz outra lenda de séculos antes de Cristo que surgiu de um Xamã Viking lá das neves e o ritual de cada ano caçar nas montanhas o feroz urso branco com seu trenó e suas renas e oferecer na volta como oferenda aos Deuses no dia do ano mais longe do sol, vinte e quatro de dezembro e vestir sua pele do avesso, por isso vermelha por fora e branca por dentro, pedindo que a luz vencesse as trevas bradando fertilidade naquele inverno cruel do ártico, armazenando nozes, castanhas e peixe salgado para os meses vindouros, onde as tribos louvavam ao pé de um enorme pinheiro enfeitado de oferendas.

Ou seria ele, o caridoso Bispo da Igreja Católica, Dom Nicolau da idade média, daí sua roupa vermelha?  Sei lá, nunca nos falou da sua verdadeira origem. Também todos nós do grupo nunca perguntamos. Só de ficar viajando por aí e distribuindo presente a noite toda já vale a curtição.

Enquanto isso, enormes formigas transportam nas costas fragmentos imensos de folhas das pitangueiras. Sigo, como todo duende bobo alegre neste micromundo onde tudo me encanta. Ainda ouvindo os gigantes sabiás.

Acordo deste breve cochilo sentado no banco da Praça Sapienza, por um Poodle que cisma em focinhar meu tênis de atleta, talvez achando com cheiro de renas, depois de dar minhas rotineiras voltas, curando ressaca sobre a praça ou de carona em trenó ao redor do mundo, sempre pelas manhãs Madalescas.

pedro costa03-GV-SET-TG
pedrocosta.pira@uol.com.br

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