Essa era uma das frases do lendário guitarrista Boneca. Ele as cultivava num grosso caderno espiral e, diante de certa situação, escolhia uma para esclarecer determinado problema. Recorri ao Boneca para contar o que ouvi recentemente. Meu amigo Dudu disse estar sofrendo uma pressão insuportável de uma figura que está em todo lugar. “Ele me olha com sarcasmo” diz com enorme indignação. “Me acena com as mãos, querendo minha cumplicidade. Será que não percebe que não posso vê-lo agora?”.
Pergunto por quê? E ele responde contando suas imensas dificuldades que tem de vencer ainda este ano. “Não sei como saldar dívidas bancárias, décimo-terceiro dos meus trabalhadores e custear as férias da minha família. Foi um ano difícil e não posso chegar assim ao seu final”. Comecei a compreender que meu amigo atravessava um deserto, e fiz a pergunta inevitável: como você, um homem experiente, entrou nessa? “Ora! O país está deste jeito. Ninguém paga nada. Eu tenho dinheiro a receber de sobra e não recebo e vem essa pressão do ano querendo acabar, Papai Noel em todo canto sinalizando as tradicionais BOAS FESTAS. Assim não dá. Tô de um jeito que estou odiando panetone”.
Veja como é possível o bom velhinho virar um cara péssimo. Quantas pessoas como Dudu têm no Brasil querendo espichar o tempo que falta para chegar o “ano novo” com as contas em dia? Que divertido é ver o símbolo da bondade e da esperança virar o avesso. Nem tudo está definido a priori, ou como diria Boneca, “nem tudo que balança é chupeta.”
Mas o Natal é mágico, e peço às pessoas que devem aos meus amigos que paguem, porque o espírito cristão é a conciliação e todos merecemos mesmo na crise, um Feliz Natal!