A gosto dos ventos

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Estou pensando em descrever esse momento, para que no futuro a gente possa se divertir com o conteúdo. Porque abraçamos as incertezas radicalmente, e tudo pode ser SE isso ou aquilo acontecer, resultará em tal ou em tal coisa.

Não ando dois passos na Vila Madalena sem que alguém me pergunte se a Dilma vai perder o mandato ou não. E se o Temer ficar, será candidato? Isso só para falar de política. Mas é geral. O SE tomou conta da nossa imaginação.

Vi alarmado uma reportagem sobre a seca no centro oeste. Carcaças de bovinos espalhadas no pasto. E numa região que nunca conheceu essa estiagem. Mas o assunto era se o governo ia abrir linha de crédito para salvar o agricultor ou não. Se a chuva vai chegar logo ou… nenhuma palavra sobre o criminoso desmatamento efetuado pela soja ou pelo boi. Preferimos entrar nessa especulação.

É verdade que agosto é o mês dos ventos, mas a gente ficar nessa ventania mental é esquecer o bom-senso. Nem Zeca Pagodinho com a sua famosa ”Deixe a vida me levar” é tão delirante, porque revela um compromisso com a vida pelo menos.

E nós precisamos sair disso o mais rápido possível. Construir o nosso futuro exige trabalhar com a cabeça, buscar soluções para os desafios cotidianos. Viver ao gosto dos ventos, é suicídio coletivo.

José Luiz de França Penna, Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena

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