Não há quem aguente mais as notícias do Brasil. Qualquer veículo de comunicação é uma tortura. Nada é tão ruim que não possa piorar, oportuno ditado. Todo mundo tentando pelo menos entender. Claro que temos dificuldades econômicas e enormes problemas políticos, mas não justifica esse nosso buraco negro. Há uma crise moral, isso sim. E é um fenômeno de difícil administração.
E a sociedade, a princípio, deu um passo atrás, fazendo uma eleição conservadora. O que é normal para o cenário de crise econômica. Piorando muito a representação parlamentar e repetindo os executivos onde havia reeleição. Posteriormente, o descrédito generalizado a institucionalidade, dando sinais evidentes de ruptura do pacto social, sugerindo assim o desmoronamento moral.
Mas o brasileiro tem muito fôlego para enfrentar essas situações. A adversidade parece fazer parte do nosso DNA. Porém, faltava um evento para clarificar o dissabor com esse momento. Algo onde pudéssemos dizer para o mundo “Peraí, o buraco é mais embaixo”. E explodimos no carnaval. Esse carnaval quis transitar além dos significados. Passei um tempo decifrando esse movimento. Hoje compreendo nitidamente que ele foi um grito de libertação. Chutamos o balde da chatice. Queremos recuperar uma vida digna.
José Luiz de França Penna
Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena