Vamos ser mais otimistas, conclama a presidente. Sempre fui, retruco pra mim mesmo, mas é difícil manter a posição. Além de tudo, um espírito santo de orelha fica me cutucando com a velha frase “nada é tão ruim que não possa piorar”. Debruço-me sobre a realidade do País e fico sabendo que Dunga vai substituir o Felipão. Esse espírito tem força premonitória, penso. Mas concordar assim de imediato nunca foi minha posição e tento retomar o meu otimismo original.
Em que me baseio então? Simples, na inventividade do povo brasileiro, descrita por Jorge Amado, João Ubaldo, Tom Jobim e etc. Vejam a copa e seus estádios, aeroportos, seleções e toda parafernália, no entanto, a grande sensação foi o nosso povo, que até depois do fiasco da seleção ainda achou energia para fazer piada, impressionando o mundo. A copa das copas foi a cozinha brasileira. Esse sentimento libertário. A busca constante da felicidade, partindo, às vezes, de estágios muito abaixo da linha da pobreza.
Mas será que é esse otimismo que a presidente pede? Acho que não é bem esse. É com os investidores que quer falar. Com os banqueiros, os industriais e o agronegócio, isso sim. Que fazem parte da nossa sociedade, não tenho dúvida, mas será que apenas uma conclamação desse tipo que resolve? Sem um programa econômico que atenda seus interesses? Bem, uma verdade fica constatada. Meu otimismo é muito diferente do que se pede. E minha orelha continua queimando com as observações desse espírito. Diz que o poder pelo poder pode nos levar a uma tragédia sem precedentes. Oh! Espírito baixo astral, pare de buzinar sandices. Sou um homem rodado, e não dá pra ficar impressionado com qualquer desalento. Atrás de um dia vem outro. Ouça as trombetas.
José Luiz de França Penna
Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena