Artesanato que vem de Minas

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O mineiro sempre teve criatividade ímpar quando se trata de confeccionar objetos de uso decorativo utilizando recursos naturais da terra. Das mais variadas regiões culturais de Minas Gerais, de acordo com o processo histórico de cada uma, sobressaem-se objetos artesanais típicos que cada vez mais encantam os paulistanos. Isso pode ser constatado pela diversidade de produtos daquele Estado encontrados aqui na Vila Madalena. No Ateliê Vila Rica, por exemplo.
Ricardo Luiz Fajardo e Aline Artechomque decidiram investir no setor e trazer para o bairro a beleza do artesanato mineiro. Entre eles, as peças típicas do Vale do Jequitinhonha, no norte do Estado. Nesta região, considerada uma das mais pobres do Brasil, vivem cerca de 1 milhão de pessoas, distribuídas em 80 municípios aproximadamente. A maior parte do solo é árido sendo castigado regularmente por secas e enchentes. 75% de sua população vive na área rural praticando uma rudimentar agricultura e pecuária.
O tipo de artesanato produzido no Vale do Jequitinhonha é bastante variado: encontram-se peças em cerâmica, tecelagem, cestaria, esculturas em madeira, trabalhos em couro, bordados, pintura e desenho. Porém, o que mais se destaca são aqueles feitos com barro, uma tradição das mulheres chamadas de paneleiras, passada de geração em geração. Elas faziam moringas, vasilhas, panelas, potes, etc., tudo com uma marcante influência indígena. Desenvolviam também figuras para adornar presépios e brinquedos para as crianças.Com o tempo, passaram a criar peças decorativas “de enfeite”, como dizem: figuras humanas, animais, cenas do cotidiano, tipos, usos e costumes da região. A produção dessas peças é bastante interessante, já que as artesãs usam rudimentares fornos a lenha, a técnica dos roletes (cobrinhas), ao invés do torno de oleiro, placas e toscas ferramentas. Os pigmentos usados na pintura das peças são naturais, extraídos de barro encontrados nas muitas jazidas de argila da região.

A descoberta

Ricardo, nascido e criado em Minas, conta que o primeiro passo, antes de abrir a loja, foi viajar pelo interior mineiro e fazer contato com os artesãos pessoalmente. “Depois, frequentamos algumas feiras e descobrimos peças de outros estados que nos interessaram”, diz Ricardo. Por exemplo, bolsas de Capim Dourado do Jalapão, Tocantins, colchas de Santa Catarina, peças de barro de Tucunhaém, Pernambuco, e Pirinópolis, em Goiás, e bonecas de Caruaru (PE).
Ricardo lembra ainda que a proposta do Ateliê Vila Rica é trabalhar com peças simples até as mais elaboradas, acessíveis a todo tipo de consumidor. Localizado em frente a praça do Fórum de Pinheiros, em uma casinha com estilo interiorano mineiro, a loja oferece ainda artesanato em prata, especialmente desenvolvido por Aline.
Aberto de segunda a sexta-feira, das 10 às 19h, e aos sábados até às 14h, o Ateliê Vila Rica é uma boa opção para conhecer o que de melhor se produz em Minas Gerais em matéria de artesanato.

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