Eduardo Giannetti é o novo imortal da Academia Brasileira de Letras

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A Academia Brasileira de Letras, empossou no dia 12 de agosto, Eduardo Giannetti, morador da Vila Madalena, é o sexto ocupante da cadeira número 2, que teve entre outros imortais, Guimarães Rosa.

Pode parecer ostentação, mas o economista e filósofo Giannetti não é o primeiro morador da Vila a se tornar imortal na ABL, instituição fundada em 1897 por escritor Machado de Assis e outros intelectuais. Desde outubro de 2019, o escritor Ignácio de Loyola Brandão, ocupa a cadeira n. 11.

Os acadêmicos Gilberto Gil e Eduardo Giannetti
Os acadêmicos Gilberto Gil e Eduardo Giannetti
Giannetti falou com o Guia da Vila Madalena sobre como chegou à ABL. “Nunca me candidatei, mas alguns amigos me chamaram e eu achei que estava maduro. Eles incentivaram a apresentar minha candidatura. Por causa da pandemia, fiz a campanha junto aos 39 acadêmicos de forma presencial e virtual”, explica.

Mineiro de Belo Horizonte, a família mudou-se para São Paulo onde seu pai veio trabalhar. Na capital paulista, Giannetti formou-se na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLHC), ambas pela USP. Tem doutorado em Economia pela Universidade de Cambridge (1987), onde foi professor. Também deu aulas na própria FEA, no Insper, e na Ibmec São Paulo Educacional. “Hoje deixei de dar aulas e me dedico mais a escrever meus livros e fazer palestras, entre outras atividades”.

Teve e tem participação ativa na política brasileira. Fez parte do movimento estudantil e militou na organização trotskista Liberdade e Luta (Libelu, quando estudava na USP. Atuou como assessor econômico de Marina Silva (Rede Sustentabilidade) nas campanhas à presidência em 2010, 2014 e 2018. Sobre ela, que este ano concorre a uma cadeira na Câmara dos Deputados, Giannetti só tem elogios, “é uma pessoa pela qual tenho muita admiração”, resume.

A produção literária de Eduardo Giannotti é grande e vários de seus livros são referência para se entender melhor sobre economia, filosofia e o Brasil em que vivemos. Ém 1994, recebeu o Prêmio Jabuti, o mais importante prêmio na literatura com o livro Vícios Privados, benefícios públicos? (Cia das Letras) e novamente em 1995 com As Partes & o Todo (Siciliano). São dezenas de títulos publicados e conta que quando decide escrever, parte para Minas Gerais e de lá só retorna quando a obra estiver acabada.

Luciana Barbeiro
Giannetti, Geraldo Serra Negra, dono do Bar do Ge e Zenobio Ferraz.
Em seu discurso de posse, devidamente trajando o fardão, Giannetti iniciou sua fala agradecendo aos pais (in memorian) Justo e Ione, “que estariam radiantes em me ver aqui”. Agradeceu aos irmãos Marcos e Roberto, ao filho e economista Joel e os dois netos e a futura neta que está chegando em breve. Na posse, o acadêmico se apresentou como “eclético mas não me identifico com os liberais clássicos, os rótulos não ajudam, as pessoas têm muitos. Gosto de pensar os problemas. (…) e meu trabalho como escritor é mais voltado para a filosofia, a minha paixão”.

Um dos momentos da sua fala, Giannetti, se referiu a personagens atuais da vida brasileira com as seguintes palavras: “O que aí está a apodrecer a vida não pode durar porque não é nada. Quando muito é estrume para o futuro. O mal existe para despertar ação. Mas tem esperança que o Brasil melhore”. Foi muito aplaudido pelos presentes, fica o registro que pode ser conferido no vídeo que a ABL disponibiliza em sua página.

Para Giannetti, a ABL é uma instituição importante na vida do país. “Pretendo me dedicar a área editorial da ABL. Pretendo renovar a Revista Brasileira e contribuir com o relançamento de clássicos da literatura brasileira com edições mais completas, com notas de rodapé para os novos leitores”. Além disso, ele pretende participar dos eventos tradicionais da ABL como os encontros com os acadêmicos para o chá e palestras que a ABL promove regularmente em seu auditório.

A Vila Madalena é o seu local preferido em São Paulo. “Morei pela primeira vez em 1990, saí e voltei em 2011. Para mim, é o melhor lugar para se morar em São Paulo. Aqui, ando muito a pé (não tem carro, faz questão de dizer!), frequento padaria, farmácia, bares e restaurantes. Adoro caminhar e encontrar com as pessoas. As ruas da Vila têm vida e quando preciso sair, uso os táxis da região”.

Gosta de samba na calçada e pode ser encontrado às quintas no Bar do Gê, na Wisard ou na feira livre de sábado, avisa. Mas teme pelo futuro do bairro. “Temo que a Vila se torne um Itaim e seus prédios. Precisamos ter um zoneamento que preserve a Vila”, é sua torcida. (GA)

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