Cisne Negro em luto

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Kátia Gomes

O Estúdio de Ballet Cisne Negro e a Cisne Negro Cia. de Dança perderam, no último dia 29 de julho, seu fundador Edmundo Rodrigues Bittencourt. Ao lado de sua esposa, Hulda Bittencourt, ele construiu uma das escolas e companhias mais importantes e reconhecidas do País e de renome internacional.
Esta trajetória começou em 1963. Casados há três anos, Hulda almejava ter sua própria escola, mas as leis preconceituosas da época não permitiam que uma mulher abrisse seu negócio sem uma “autorização marital”. Edmundo, que era químico industrial, não relutou em apoiar a esposa. Em 2 de março de 1964, o Estúdio de Balé Cisne Negro nascia como uma firma individual de Hulda. Somente em 1976, o estúdio se tornara Sociedade Ltda., com Edmundo como sócio e à frente da administração, esporadicamente produzia festivais de dança amadora. “Ele resolveu vender a fábrica de produtos químicos e investir em um novo empreendimento, no meu sonho”, conta Hulda, com profunda gratidão. “Foi uma parceria que deu certo”.
No mesmo ano, em 1976, o casal fundou a Cisne Negro Cia. de Dança e comprou o terreno para construir o primeiro prédio da rua das Tabocas, onde até hoje está localizado o estúdio e companhia. “Inclusive, foi o primeiro prédio específico para dança na cidade de São Paulo. A prefeitura levou um bom tempo para aprovar o projeto da obra, que demorou um ano para ser concluída. Uma verdadeira maratona em tempos de inflação”, recorda. A inauguração oficial só veio no início de 1978, com direito à missa e apresentação do corpo de dança da companhia para convidados. “Tivemos nosso primeiro patrocínio da Secretaria de Cultura neste momento”.
Desde então, o Estúdio de Ballet Cisne Negro junto da Cisne Negro Cia de Dança só faz formar e espalhar pelo mundo profissionais de altíssimo nível. “Tudo isso, graças ao espírito visionário de Edmundo, que percebeu como a dança, quando levada à sério e com paixão, pode ser bem trabalhada e trazer resultados gratificantes”, diz Hulda, que pretende seguir ao lado das filhas Gisa e Dany um harmonioso “pas de trois” do trabalho construído em família. Edmundo tinha 71 anos e sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) há cerca de um ano e meio.

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