O pediatra Dr. Leonardo Posternak se comove desde a época de sua residência com o jeito de consultar as crianças. “Quando cheguei a um consultório, não encontrei aquela criança doente, abandonada, pobre, mas encontrei aquela que vinha com pais que brigavam, que tinham idéias diferentes, com uma babá e uma avó que davam palpite em tudo e uma mãe muito culpada e ansiosa, que não entendia seu filho. Eu mesmo não entendia nada”, nos revela o médico. “Eu senti na pele a dicotomia entre corpo e mente e percebi claramente que algo deveria ser feito”, diz ele.
Desde que se formou em 1971, em Buenos Aires, na Argentina, o Dr. Leonardo acalentava um projeto diferenciado, que não separasse mente e corpo, pois muitas vezes a mente produz uma doença no corpo e a doença no corpo também pode provocar uma doença na mente. Quando chegou em São Paulo, em 1976, sua inquietude foi aumentando e o sonho de ser um pediatra com visão mais humanista foi tomando jeito.
Desse modo, nasceu o Instituto da Família – IFA, uma instituição sem fins lucrativos, fundada em 3 de abril de 2004 e reconhecida como OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) em setembro de 2004. As OSCIPs têm total transparência administrativa, sendo uma alternativa excelente para convênios com instituições privadas e também públicas.
Curso gratuito
O Instituto tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento saudável da criança e da família, através de cursos para pediatras e atendimento gratuito para crianças de 0 a 12 anos. Os alunos são bolsistas, isto é, não pagam pelo curso de dois anos, mas “devolvem” o aprendizado com atendimento à comunidade. Além de pediatras, o IFA conta com a participação de outros profissionais: psicólogos, psicanalistas, pedagogos, sanitaristas, geneticistas, antropólogos, filósofos e assistentes sociais.
“Duas empresas gostaram da idéia ainda no papel e apoiaram financeiramente o Instituto: Casas Bahia e Laboratórios Roche. A Gol facilita todas as viagens que precisamos fazer pelo País. A Brasil Telecom nos contratou para desenvolver um programa junto com o Instituto em Campo Grande (MS)”, explica Posternak. Outras entidades fizeram parceria ou apóiam o Instituto, o que já garantiu mais de mil atendimentos desde abril de 2006. As consultas são mais demoradas, realizadas com a criança e seus cuidadores, que podem falar de tudo: limites, noites maldormidas, educação, vínculos, tudo. “Você se coloca no papel de médico da família, tem que esquecer que é médico de criança, embora ela esteja contida no sistema”, complementa o Dr. Leonardo Posternak.
