Em1º de outubro foi comemorado o Dia Internacional do Idoso e para marcar a data a Liga Solidária está realizando uma série de atividades com foco não só na terceira idade mas nos jovens e na população em geral para discutir sobre o preconceito contra quem tem mais de 60 anos e aproximar os jovens dos mais velhos.
Até que ponto, numa sociedade que está envelhecendo cada vez mais em forma, o preconceito contra o idoso ainda sobrevive? A Liga Solidária, organização sem fins lucrativos que desenvolve inúmeros programas sociais em São Paulo, aproveitou a data comemorativa do Dia Internacional do Idoso para mapear como quem já passou dos 60 percebe o preconceito no dia-a-dia e estimular o debate entre as gerações visando a conscientização, nos mais jovens, sobre a importância do respeito aos mais velhos.
Muitas das atividades pensadas para a ocasião vão mostrar, na prática, que a chamada ‘terceira idade’ pode e deve estar inserida no circuito da modernidade tecnológica e das artes, além de muitos outros. Um exemplo disso foi a campanha #Orgulho Prateado 2019, na qual homens e mulheres acima dos 60 foram convidados a responder uma pesquisa on-line registrando relatos envolvendo o preconceito. “Embora haja, atualmente, um grande número de pessoas consideradas idosas contribuindo ativamente para a sociedade, a pesquisa mostra que o preconceito persiste”, afirma Cristiane Felipe, gerente de projetos e especialista em longevidade da Liga Solidária. Ela descreve que, nos relatos, aparecem frases do tipo ‘ouço das pessoas que estou muito velho para aprender a mexer no celular’ ou ‘velho deveria ficar em casa e não na fila de banco”. “É preciso estimular essa população que está envelhecendo a dizer não ao preconceito”, ressalta Cristiane.
Uma forma de educar quem ainda vai levar um bom par de anos para alcançar os 60 foi a preparação de um ‘teatro denúncia’, ação promovida em parceria com a Universidade da Terceira Idade da USP. A peça, cujo tema, mais uma vez, é o preconceito, será encenada, na última semana de outubro, por atores do Programa de Idosos da Liga Solidária e assistida pelas crianças e jovens que participam dos programas sociais da entidade. Ao final da apresentação, será organizado um bate-papo, no qual as frases pontuadas na pesquisa serão colocadas para discussão.
Outra atividade de sensibilização será realizada com os alunos do Colégio Santa Amália, no bairro da Saúde, mantido pela Liga. Os adolescentes serão convidados a se caracterizar de idosos e fazer uma série de atividades vestidos de ‘vovôs’ ou ‘vovós’. “A ideia é que eles se sintam como idosos e, depois, passem suas percepções”, explica Cristiane. Na sequência, os estudantes vão participar de um jogo no qual serão colocadas algumas afirmações com referência à pessoa idosa para que eles respondam se são verdadeiras ou fake news. “Diversos estudos mostram que o contato entre as gerações é o caminho para estreitar os vínculos entre jovens e idosos e fortalecer o respeito mútuo”, diz a especialista.
Uma exposição de fotografias com imagens feitas por um grupo da ‘terceira idade’ também faz parte do projeto e vai mostrar ao público que a veia artística não tem idade. As fotos ficarão expostas no Centro Universitário Maria Antônia – CEUMA, da USP, e na sede da Liga Solidária, no Sumaré. No CEUMA está agendado um simpósio sobre ageísmo – neologismo que significa preconceito contra o idoso. O tema será o impacto do ageísmo na sociedade. Para finalizar a campanha, a USP promoverá, em parceria com a Liga, dia 31/10, um evento no Unibes Cultural com o lançamento de uma cartilha para prevenção do ageísmo, projeto realizado em parceria entre a USP e a Prefeitura de São Paulo.
“É importante abrirmos esse caminho para a discussão, já que esse problema do preconceito não existe só no Brasil, mas em várias partes do mundo”, diz Cristiane. “Uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde, feita em 57 países, mostra que mais de 60% dos idosos afirmam já ter sido vítimas de preconceito. Aqui, 9 entre cada 10 idosos acreditam que o preconceito ainda existe”. Ela ressalta que a Liga Solidária está aberta a receber a contribuição de pessoas da ‘terceira idade’ que queiram deixar seu depoimento no site da organização. O endereço é www.ligasolidaria.org.br e o botão para o envio dos relatos é o Fale Conosco. (Lucia Oliveira)
Liga Solidária, Avenida Doutor Arnaldo, 1.943, Sumaré, Telefone 3670-2911, www.ligasolidaria.org.br