Mistura fatal: álcool e direção!

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Nilton Gurman e sua família tiveram suas vidas mudadas na madrugada do dia 23 de julho de 2011, quando o sobrinho Vítor Gurman foi atropelado por motorista que bebeu e assumiu o volante. Vítor, aos 25 anos, morreu cinco dias depois.

Vitão – como era chamado pela família e amigos – o administrador de empresas de 25 anos que morava na rua Girassol, “tinha muitos amigos e era uma pessoa muito especial e do bem”, conta o arquiteto e tio do Vitão, Nilton Gurman, também morador da Vila Madalena.

Álbum de família
Vítor Gruman: morto aos 25 anos! (Arquivo)

Segundo Nilton, Vitão “voltava para casa a pé e por volta das 2 horas da madrugada, um Range Rover, dirigido pela nutricionista Gabriela Guerreiro Pereira perdeu o controle bateu em um muro e atingiu Vitão. Segundo a perícia, ela estava entre 63 e 93 km/h em uma via (rua Natingui) onde a velocidade máxima é de 30 km/h. O jovem Vitor Gurman foi socorrido e levado para o Hospital das Clínicas onde morreu cinco dias depois”.

Desde então, Nilton se diz “em uma missão para evitar que outras mortes aconteçam por conta de pessoas que resolvem beber ou usar drogas e dirigir”.

Lembra que a morte e as circunstâncias de como ela aconteceu abalaram profundamente a família. “O pai do Vítor (e irmão de Nilton), a minha mãe estão em depressão desde então. A mãe do jovem também não se recuperou. Eu voltei a fazer terapia depois de muito tempo. Fui avisado do acidente por volta das 4 horas da madrugada e estava em Santos. Imediatamente vim para São Paulo, na esperança de poder fazer alguma coisa por ele. Cheguei aqui de cuecas! Apesar de ser dolorido lembrar tudo isso é importante que a gente não esqueça não só do Vítor, mas também das outras vítimas que morrem ou ficam com sequelas por conta de motoristas bêbados ou drogados. Tenho filhos e sobrinhos e é por eles que eu estou nesta luta”.

Nilton Gurman-GA (4)

Logo depois da morte do Vitão, a família e amigos criaram o movimento Viva Vitão!, promoveram passeatas e protestos pela Vila Madalena e outros lugares da cidade para conscientizar as pessoas. Posteriormente eles se uniram ao movimento Não Foi Acidente! criado por Rafael Baltresca, que perdeu a mãe e a irmã, atropeladas na calçada do Shopping Villa Lobos por um motorista embriagado, em setembro de 2011.

O movimento lançou campanha para conseguir 1,5 milhão de assinaturas para modificações na lei que estava em vigor. Posteriormente a deputada federal Keiko Ota (que teve o filho assassinado por um segurança da família), apresentou o projeto de lei “mas sempre informava que tinha a nossa participação! Aliás, não só a Keiko como a Christiane Yared, deputada do Paraná que perdeu o filho Gilmar e o amigo Carlos, mortos pelo ex-deputado Fernando Carli Filho, que estava a mais de 190 km/h e embriagado, em Curitiba, em 2009, são deputadas que fazem de seu mandato uma luta pela vida!”, faz questão de citar.

O Não Foi Acidente! é uma organização não governamental que acolhe as famílias de vítimas de trânsito e faz um trabalho de conscientização junto aos legisladores e também com jovens e familiares no intuito de educar as pessoas a não dirigir depois de consumir drogas lícitas ou ilícitas. “Não existe índice seguro para quem consume álcool e depois pega o volante!”, e cita estudos da Associação Paulista de Medicina que “são vários fatores, como o sexo, a massa corporal, se comeu ou não, a velocidade que o corpo metaboliza o álcool e até a localização geográfica”. E para aqueles que afirmam que ficam mais espertos quando bebe, Nilton lembra que “uma dos primeiros efeitos da bebida é a perda do discernimento!”.

A Não Foi Acidente! tem uma atuação política no sentido de cobrar e exigir do Congresso Nacional leis mais rígidas. Com a lei 13.546/17 que entrou em vigor no dia 19 de abril espera-se que seja reduzido o número de infratores. O movimento apresentou várias sugestões aos deputados e senadores. Para Nilton, “A lei deveria ser mais rígida. Não conseguimos que os congressistas aprovassem a alcoolimia zero! Mas a partir de agora, quem for responsável por crime de trânsito, julgado e condenado, pode ter pena de 5 a 8 anos. Antes era de 2 a 4 anos e de acordo com nosso Código Penal, a pena era substituída por pagamento de cestas básicas ou serviço comunitário. Para quem perde um parente, é inaceitável que se troque uma vida por cestas básicas ou serviço comunitário!”

Os motoristas que causaram a morte de Vitão e da mãe e filha no Shopping Villa Lobos ainda não foram julgados. Nilton lembra que eles não serão julgados pela nova lei, porque o crime foi anterior á promulgação da nova lei. Mas lamenta a demora para que seja feita justiça para as famílias que tiveram seus parentes e amigos mortos por condutores que beberam e resolveram dirigir, “Justiça demorada é justiça negada!”, lembra. (GA)

www.naofoiacidente.com.br

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