A música e o maestro Laércio de Freitas

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Nome consagrado na música brasileira, Laércio de Freitas, maestro, compositor e arranjador, teve passagens pelo cinema e tevê, como ator.

O campineiro Laércio de Freitas iniciou cedo seu aprendizado musical. “Minha mãe me pegava no colo e ficávamos ouvindo músicas no rádio de casa. Foi ela quem me matriculou em um conservatório musical e aos 16 anos me tornei profissional. E só fiz isso na vida: música!”, conta o maestro Laércio de Freitas acompanhado pela animada e simpática Piki, esposa e empresária, no bar Genial, na Vila Madalena.

A carreira de Laércio o levou a acompanhar artistas e grupos musicais. Entre eles, Maria Bethânia, Alaíde Costa, Marcos Valle, Wilson Simonal, Ângela Maria, Clara Nunes, Ivan Lins, César Costa Filho, Emilio Santiago, Flora Purim, Quarteto em Cy, The Supremes, Orquestra Tabajara, Tamba Trio… a lista é longa.

Como autor, seu primeiro trabalho gravado foi o LP “Laércio de Freitas e o som roceiro” (1972, Cid). Em 1980, gravou o LP “São Paulo no Balanço do Choro”, (Eldorado), em 1988, “Terna Saudade” (L’Art), com uma seleção de valsas e choros brasileiros; em 1993, o CD, “Instrumental no CCBB “Laércio de Freitas e Carlos Malta” (Tom Brasil) e em 2006, o CD “Laércio de Freitas homenageia Jacob do Bandolim” (Maritaca) e fez outros trabalhos e gravações como o projeto “Memória do Piano Brasileiro”, em 1987, gravado no Museu da Imagem e do Som em São Paulo.

Integrou a Orquestra Tabajara de Severino Araújo e o sexteto de Radamés Gnatalli. Como arranjador, compositor e músico participou de vários trabalhos com Radamés Gnatalli, João Donato, Elza Soares, Pery Ribeiro, Jair Rodrigues, Caetano Veloso, Jorge Mautner, Clara Nunes, Danilo Brito, Trio Madeira Brasil, Orquestra Tabajara, Paulo Moura e Clara Sverner e outros mais de mais uma longa lista.

A relação de palcos por onde Laércio se apresentou se estende por São Paulo e outras cidades do Brasil e no exterior. Aqui em Sampa, circuito Sesc (Pompeia, Ipiranga entre outros), Café Piu-Piu, Centro Cultural Banco do Brasil, Baíuca, Ventimiglia e, mais recentemente, se apresentou em parceria com a cantora Alaíde Costa, no Tupi or not Tupi, na Vila Madalena.

A carreira o levou a viver temporariamente em muitas cidades no exterior. Conta que no final dos anos 1960, substituiu o músico Luiz Eça, enquanto o grupo estava em turnê pelo México. “Como tinha terminado a turnê com a Maria Bethânia, me mandei para lá. Dois meses depois, mandei dinheiro e passagem para a Piki ir também. Ficamos lá por dois anos e nos apresentamos nas principais cidades mexicanas. Eles adoravam nossa música.”

Tiago Gonçalves
Piki e Laércio, parceria na vida e na arte (Foto/Tiago Gonçalves)

O cinema também tem registrado trabalhos do incansável Laércio de Freitas. Ele ganhou, em 1999, o Kikito de Ouro no Festival Internacional de Cinema de Gramado pela trilha sonora, do longa-metragem “Amassa que elas gostam”, do diretor Fernando Coster. Como ator, fez o papel de João Cândido, o líder dos marinheiros em 1910. Também fez um trabalho no longa metragem “Chibata”, do diretor Marcos Manhães Marins, filme de 2015. Na tevê, além de várias apresentações musicais Laércio também atuou. Em um deles, fez o papel de Machado de Assis, e outras participações, sem deixar a música de lado.

A Vila Madalena para o casal, que mora na Fradique Coutinho desde 2002, é o local para encontrar os amigos, principalmente nos bares. É Piki quem fala, “somos boêmios e gostamos de bares. Não mudamos muito, mas dependendo do dia, podemos vir aqui no Genial (onde a entrevista aconteceu) ou Genésio, bares do nosso amigo Helton Altman. Mas também fomos algumas vezes ao Piratininga Bar por conta da programação musical. Frequentamos a padaria Deli Paris e alguns restaurantes pela Vila Madalena. É na Vila que faço cabelo e unhas, a Livraria da Vila é praticamente a nossa sala de estar.”

Piki e Laércio só não se animam muito quando o assunto é carnaval de rua. Para o músico, os carnavais do passado trazem boas lembranças pelas músicas e pela festa que era mais tranquila. Hoje, “parece que todo mundo está enlouquecido e tenho medo por meus três netos”, diz ele. Piki, em momento avó-coruja, conta que a filha Thalma tem um filho e Trícia, dois filhos.

Para quem vive da e para a música, como Laércio, os espaços onde a canção tem destaque, merecem comentários. “A Vila Madalena tem boas casas. Das novas, que surgiram nestes últimos tempos, destaco a Tupi or not Tupi onde me apresentei com a cantora Alaíde Costa. Na Tupi… a acústica é boa e eles suspendem o atendimento dos garçons quando o show começa. É uma casa que respeita o trabalho do músico.”

Laércio participou da última edição da Virada Cultural, mas o balanço que o pianista faz não é dos melhores. “Toquei às 9 h da manhã para um público pequeno. O palco não era dos melhores para música instrumental”. Piki intervém e avisa, “mas como sempre ele tocou lindamente, apesar da chuva e do frio. E esperamos que nas próximas edições o pessoal da secretaria da Cultura trabalhe melhor.”

Aos 75 anos, Laércio ministra aulas para músicos e regentes e faz apresentações. No momento, está finalizando três arranjos a quatro mãos. Trata-se de uma encomenda para o Japão. “Eles, adoram a nossa música!”, finaliza a conversa com uma sonora risada.

No YouTube há vários vídeos de apresentações de Laércio de Freitas

Agradecimento: Espaço Cachuera!

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