Todos unidos

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O financiamento coletivo – crowdfunding – é uma maneira, cada vez mais utilizada, de projetos saírem do papel e virarem realidade. A plataforma Catarse tem feito isso desde 2011.

Com cerca de 500 projetos em andamento e cerca de 2.400 projetos financiados por este meio, a Catarse une os idealizadores dos projetos, em muitas áreas como cultura, produtos, realização de sonhos e por aí vai, com pessoas que se identificam com a proposta. Ao visitar o site www.catarse.me, o interessado em apoiar encontra os projetos já reunidos por um tema específico – arquitetura e urbanismo, moda, cinema, educação, jornalismo, literatura e outros assuntos e propostas. Ao entrar, encontra-se a ideia do projeto, seu autor, o valor arrecadado até então, a quantia que o autor pretende arrecadar e o prazo que falta para o projeto chegar ao seu final.

A plataforma Catarse se sustenta com 9% do valor arrecadado pelos projetos que atingem ou ultrapassam a meta de arrecadação. Outros 4% são repassados ao Pagar.me, o meio de pagamento utilizado pela plataforma. Caso o projeto não atinja a meta, todo o valor é devolvido para os apoiadores e o autor não recebe nem paga nada. Atualmente, a plataforma desenvolveu uma nova modalidade, “campanha flex”, onde não há um prazo determinado para o fim da arrecadação.

Segundo João Maldos, chief of staff da Catarse, “a equipe é formada por 18 catárticos”, como eles se autodenominam. O próprio João, formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas, chegou até a plataforma para realizar um estudo e acabou se incorporando à equipe, em 2014.

João ressalta que a plataforma de financiamento coletivo trabalha com código aberto e “é construído com muuuuuuito amor! A nossa prioridade é e sempre será a construção colaborativa de um futuro coletivo e colorido através da formação da cultura do crowdfunding no Brasil”.

Os números mais recentes da Catarse revelam que mais de 273 pessoas apoiaram pelo menos um projeto. Foram 2.427 projetos que receberam financiamento colaborativo e o valor movimentado chega a mais de R$ 41 milhões.

De acordo com a pesquisa que a Catarse realizou em 2014, o perfil das pessoas que apoia o financiamento coletivo é o seguinte: homem – 59% e mulheres – 41%; a idade predominante (31%) é de pessoas de 25 a 30 anos; a Região Sudeste é que mais participa dos financiamentos (63%) e a renda média varia de R$ 3.000 a 6.000/mês. Pessoas que trabalham em comunicação e publicidade, administração e negócios e web e tecnologia, com 10% para cada grupo, compõem as profissões dos apoiadores.

Entre os que apoiam, 88% dos entrevistados nessa mesma pesquisa da Catarse dizem fazer isso por se identificar com a causa ou o projeto. E revelam que sentem falta de mais projetos voltados à educação. As empresas que apoiam são bem vistas, portanto que não se limitem apenas a ações de marketing. Algumas dessas empresas participam desse tipo de financiamento através de seus institutos.

Nesta mesma pesquisa, segundo os entrevistados, um projeto para ter êxito precisa ter transparência, qualidade e recompensa (o que oferece para cada apoio de acordo com o valor doado). E a boa comunicação é um fator determinante para o sucesso da campanha. Iniciar a campanha por amigos e parentes é uma boa tática para resultar em sucesso. Dos que apresentaram projetos na Catarse, 25% conseguiram arrecadar entre R$ 10 e 20 mil. O número maior de projetos está ligado ao segmento de artes (22%).

A opção da sede da Catarse ser na Vila Madalena também foi pensada. “Desde o seu nascimento, a Catarse foi próxima de várias redes e iniciativas colaborativas disruptivas com sede na Vila Madalena. Trabalhamos alguns anos na Estufa, coworking que ficava na Rua Inácio Pereira da Rocha, e em 2015 nos mudamos para a Vilynda, uma vila colaborativa na Rua Simão Álvares”.

Na vila onde a Catarse tem sua sede também serve de endereço para outros coletivos — Avaaz, por exemplo, é um deles. Nas outras casas ficam o ateliê do artista plástico Luiz Sôlha e o coletivo Pimp My Carroça que desenvolve trabalho de restauração de carroças de recicladores e já foi matéria e capa do Guia da Vila Madalena, em maio de 2015.

Exemplos de dois projetos de financiamento coletivo através da Catarse que têm a ver com a Vila Madalena. Um deles foi a campanha para reunir R$ 100 mil para a construção do novo teatro do Instituto Brincante, que foi desalojado de seu espaço para a construção de um novo edifício. A campanha conseguiu arrecadar R$ 107 mil no último dia. Outra campanha que logrou êxito foi a do filme de animação O Menino e o Mundo, do diretor Alê Abreu, que concorreu este ano na categoria de melhor animação (quem ganhou foi a animação Divertida Mente). A produtora Filme de Papel buscou financiamento de R$ 100 mil para reforçar a publicidade e outras ações de promoção do filme brasileiro. Foram arrecadados R$ 164.133 e atingiu 164% da meta estabelecida.

Entre os projetos em andamento, João destaca o “Pernas para Sonhar” – https://www.catarse.me/pernasparasonhar. A campanha visa captar R$ 69 mil para comprar uma prótese importada para uma perna do jovem Patrick Franco, de Uberlândia (MG). Com a prótese ele espera obter melhor desempenho em atletismo e busca se tornar um atleta paralímpico da equipe do Brasil. “Ele tem potencial, força e raça, agora só falta a tecnologia”, explica no vídeo seu professor.

Um livro que vai contar a história de um judeu que viveu na Polônia durante a II Guerra Mundial é o projeto idealizado José Tabacow, que buscou financiamento de R$ 12 mil para a tradução e edição do livro escrito por seu tio-avô Luiz. A campanha atingiu 102% da meta estabelecida. Para saber mais acesse https://www.catarse.me/pt/project_23568.

www.catarse.me

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