Sou do time que repete sempre as virtudes da pluralidade. Que vê a diversidade como riqueza, diferente da burrice que quer igualar tudo. Que quer uma sociedade pastel, uniforme e torpe. Acho, assim, um projeto superado, sonolento e burro, o mundo dos iguais. Mas sou um democrata convicto. Admito quem pensa contrariamente ao meu ponto de vista ou nos mais variados tons de possíveis divergências.
Por exemplo: não consigo ver, ler ou ouvir mais nenhuma notícia desses crimes violentos que assolam nosso cotidiano. É aqui, nos Estados Unidos e em toda parte, como se uma conjunção satânica envolvesse a humanidade. É sangue e maldade pra todo lado. Não estou pra isso. Não quero e desligo… Mas reflito sobre a minha posição minoritária, pois, se há uma exposição dessa ordem, é porque o consumo é grande, e muita gente necessita saber dessas coisas.
Encontro as pessoas, os amigos e em seus rostos estão impressos como cicatrizes os últimos acontecimentos violentos. Viram assunto no bate-papo. Tento desviar falando do último gol do Pato, não consigo. Recorro a uma piada surrada, pior ainda. Não tem jeito, estão todos linkados a essa realidade desconfortável como se a senha para sua participação social fosse o medo, a angústia e o desespero.Talvez seja necessário compreender que o ambiente urbano se deteriora ferozmente. O preço dos alimentos. O custo da educação dos filhos. A saúde e a segurança, e a difícil mobilidade urbana com esse imenso engarrafamento. A propósito, “achar lindo o engarrafamento” porque vende mais petróleo, como disse a presidente da Petrobras, é apostar na diferença. Assim, a diferença às vezes é demais.
José Luiz de França Penna
Presidente de Honra do Centro Cultural Vila Madalena