Envelhecer|com arte

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Para chegar à velhice de bem com a vida e com alto astral, é preciso muito autoconhecimento e uma sabedoria adquirida ao longo da vida. Entretanto, as pessoas são diferentes, únicas, e nem sempre é isso que acontece.

A mestre em Gerontologia Social e Arteterapeuta, Deolinda Fabietti, diz que o processo de envelhecimento é apenas mais uma fase da vida, mas que nem sempre é encarado como tal e que aceitar essa nova condição é uma tarefa difícil para muitas pessoas. “Assim como os adolescentes, que enfrentam diferentes conflitos ao passar da infância para a vida adulta, os adultos também têm de enfrentar essa fase conflituosa do envelhecimento. Se o adolescente rebelde não ficar bem resolvido, ele carregará esse conflito para a vida adulta e também para a sua velhice”, analisa.
Sendo assim, Deolinda atende não só idosos, como também adolescentes, adultos e familiares de idosos em seu consultório. A profissional utiliza a arteterapia como apoio a seus pacientes. “Os mais idosos muitas vezes chegam com discurso pré-elaborado, lamurioso, e eu introduzo a arte como uma nova forma de expressão. Por uma colagem, pintura ou escultura, eu mudo seu discurso, pois o paciente, através dos desafios sugeridos por mim, começa a se mostrar e a elaborar melhor como ele enfrenta e resolve determinada situação”, explica.
Deolinda acrescenta que, através de uma aquarela, que é fluida, por exemplo, o paciente começa a diluir não só a tinta, mas também sua tristeza, sua dificuldade, sua amargura. “A arteterapia é diferente de uma aula de arte. Como recursos, como aquarela, tinta a óleo, acrílica, argila, colagem, concreto celular, a pessoa começa a enxergar suas dificuldades e quais as saídas possíveis. As mudanças de que ela necessita acabam sendo transportadas para sua vida diária. Todo esse processo é a pessoa que faz, eu só vou facilitando com o material. Nesse sentido, o gerontólogo tem o dever de acolher e mostrar que ela pode, sim, fazer algo e de outras maneiras.”
Diferente da geriatria, que é uma área da medicina que cuida somente da saúde física do idoso, a gerontologia social trata da parte social e da saúde psíquica e emocional de quem está passando pelo envelhecimento. “A geriatria e a gerontologia são complementares, pois o geriatra aponta o problema que percebe e o gerontólogo atua, orientando sobre mudanças nos ambientes onde o idoso vive, indicando terapias complementares e valorando o ser humano que envelheceu. Em muitos casos, a família tem de ser trabalhada junto”, define.
Para chegar com boa saúde mental e física, Deolinda orienta: “É importante buscar desde sempre o autoconhecimento, o brilho no olhar e mudar quando necessário. Além disso, é preciso valorizar cada dia e não deixar a vida passar…”, finaliza. 

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