O coaching é um processo de desenvolvimento de competências comportamentais que gera resultados consistentes, aprendizado e retenção de talentos dentro das organizações.
Camila Bonavito, administradora de empresas com experiência de mais de 15 anos no mundo corporativo, é formada em coaching executivo e life coaching pelo ICI (Integrated Coaching Institute) e é membro da ICF (Internacional Coaching Federation). Nesta entrevista, ela discorre sobre o benefício do coaching de liderança, de desenvolvimento e de equipe nas empresas e também individualmente. Sua empresa, a Bonavito Coaching & Resources, tem sede na Vila Madalena.
Sua empresa está na Vila Madalena desde quando?
Abri a consultoria em 2010.
Em que você trabalhava antes?
Era bancária.
Que trabalho você oferece para as empresas?
Faço consultoria dedicada ao coaching e treinamento de equipes em empresas e também tenho clientes individuais.
Como o coaching pode ajudar às corporações?
Atualmente, as empresas contratam especialistas de coaching para desenvolver um treinamento em grupo ou um treinamento individual.
As empresas fazem isso para reter talentos?
É mais fácil e prático para a empresa treinar seu funcionário do que ir buscar um novo. O novo, quando contratado, leva um tempo para se adaptar à cultura da nova empresa.
Defina o trabalho de coaching.
É um processo de autoconhecimento dos funcionários e um processo de desenvolvimento de novas habilidades comportamentais de cada um dentro das corporações. Uma das premissas do processo de coaching é que qualquer um pode desenvolver qualquer competência.
Que se espera conseguir na melhoria desses comportamentos?
Esses objetivos devem gerar satisfação pessoal e profissional para todos. Não adianta atingir as metas da empresa e não ter satisfação pessoal. Uma pesquisa recente apontou que 80% das pessoas estão insatisfeitas com algum aspecto de sua vida profissional ou pessoal. Isso é bastante alarmante.
Então temos muita gente infeliz nas empresas.
Na verdade o coaching não serve só para resolver os problemas ou a infelicidade das pessoas. Quando a gente olha para aqueles que estão na chamada ‘zona de conforto’, vemos que eles estão com motivação baixa e não utilizam seu potencial pleno. Seria essa a hora certa de procurar um serviço de coaching que pode ajudar no sentido de tirar e melhorar a pessoa nesse momento profissional e/ou pessoal. Com o coaching buscamos tornar a pessoa mais plena.
Você poderia dar um exemplo?
Todos têm capacidade para desenvolver novas competências. Uma situação que acontece muito é um profissional bastante técnico e capaz que se tornou um gestor de equipe. Nessa nova função, ele precisa melhorar sua capacidade de gerenciar uma equipe. Gerenciar equipes exige muito mais de relacionamento, de troca e de formação de novos profissionais do que o uso da capacidade técnica. Então ele precisa ser mais um gestor de pessoas, mais generalista, do que um técnico. É o que a gente faz. Se esse profissional sempre foi da área técnica, pode achar que não sabe fazer outra coisa, o que não é verdade. No coaching, acreditamos que todos são capazes de poder desenvolver uma nova competência.
O mesmo acontece no caso de um profissional que parte para uma área de vendas e negociação?
Sem dúvida. A vantagem do coaching é sair da famosa ‘zona de conforto’ e mapear as novas possibilidades e dentro delas as novas oportunidades que podem surgir. Mas esse profissional precisa escolher caminhos que sejam importantes para ele não apenas no aspecto profissional. Tudo tem de estar alinhado. Sua essência, seus valores, o que ele é e também levar em conta o que o mercado pede.
E a parte individual de cada um?
Por ser um indivíduo, cada funcionário tem sua identidade e as pessoas têm hábitos e preferências, muitas delas já nascem com essas características.
Todos ou apenas uma parte dos funcionários participam do coaching?
Quando as empresas escolhem os processos de coaching, elas já escolheram os profissionais que vão participar desse processo. É um investimento substancial e por esse motivo as empresas escolhem os profissionais de alto desempenho. Dificilmente, as empresas contratam serviços de coaching para funcionários problemáticos, a não ser que ele seja de alto desempenho e que esteja passando por um processo difícil. Nesse caso, é um trabalho individual.
O que vem depois do diagnóstico?
Apresento dois caminhos: um é o trabalho feito individualmente. Outro é o treinamento da equipe. Aí existe uma abordagem e é um processo mais específico para que essa equipe possa se desenvolver.
Em que situações seu trabalho é mais requisitado?
São três as mais comuns: liderança ou empreendedor que precisa ter uma visão macro da empresa; de desenvolvimento para profissionais que estão se desenvolvendo em suas carreiras e tendo novas responsabilidades na carreira e o coaching para grupos que trabalham dentro de uma mesma área e a empresa quer que esse grupo seja mais produtivo, tenha menos conflitos e que se integrem mais com outras áreas.
Quanto tempo dura o processo?
Em média três ou quatro meses. Realizo vários encontros semanais. É preciso testar essas novas habilidades em todos os momentos com todas as pessoas. Três meses é um tempo mínimo para adquirir uma habilidade consistente.
Como é feito o treinamento?
Em geral, eu ouço muito antes de fazer meu diagnóstico. Não existe uma fórmula para todos. Escutar o que o cliente diz e entender o que é importante para ele é um dos papéis do coach. Meu diagnóstico é feito olhando dentro do contexto e dos valores da empresa. E cada cliente é diferente do outro.
As empresas são muito diferentes?
Existem empresas mais e menos formais. Depois de avaliar todos esses aspectos é que faço o meu trabalho.
E como os funcionários veem o seu trabalho?
Não sinto muita resistência durante o treinamento. Em geral consigo desarmar a audiência. Primeiro, sempre digo que não estou naquela empresa para ensinar nada a ninguém. Sempre digo que estou ali para ter uma conversa produtiva e quero usar a experiência de vocês (funcionários) e propor uma troca. É um aprendizado para todos. Eu sempre aprendo.
Como você estabelece a relação de confiança?
Para conseguir atenção e confiança da audiência, eu conto a minha história pessoal e tudo o que fiz. Com isso eu desarmo as pessoas e estabeleço uma relação de confiança.
Como as empresas podem tirar proveito das redes sociais?
Você tocou num ponto muito importante nos dias de hoje. Isso faz parte da comunicação virtual e etiqueta social. O e-mail corporativo que você usa pertence à empresa. Mas o conteúdo e a responsabilidade é de quem escreve. As empresas se preocupam sobre como seus funcionários utilizam e se comunicam através das redes sociais. São ferramentas fantásticas que vieram para ficar, sem dúvida. Mas precisamos usar essas ferramentas para criar uma exposição positiva. Sempre pergunto, em meus treinamentos, o que o funcionário ganha em se expor? É preciso tomar cuidado com o que se escreve nas redes sociais.
Como as empresas podem manter seus funcionários mais criativos e produtivos?
Se o ambiente é propício para você desenvolver sua carreira e tem um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, sem dúvida pesa muito na hora de decidir em ficar ou não na empresa.
O coaching pode ser um processo de crescimento profissional e pessoal?
Ele mapeia onde você está hoje e traça os planos de ação e acompanha o resultado e depois se mede o resultado. Sem se esquecer do que é importante para você. Buscar significado para o que se está fazendo é muito importante. O coaching não é mais um processo de treinamento ou desenvolvimento burocrático dentro das empresas.
E como se aplica o coaching nos casos individuais?
Eu atendo também alguns profissionais que me procuram para o coaching de vida e que trabalha todas as dimensões do ser humano. As ferramentas são as mesmas. Ou seja, levar o ser humano para a conscientização, para a reflexão, para a ação e atingir o resultado esperado por ele.
Você sente que, com seu trabalho, as pessoas ficam mais felizes?
É uma grande satisfação pessoal e profissional quando recebo o feedback coletivo. E não sei se é pretensioso, mas a minha missão é tornar as pessoas mais felizes. Essa é a minha meta. E muitas vezes o caminho é mais importante do que o resultado. Isso foi uma escolha minha.
Qual sua relação com a Vila Madalena?
Nasci na Zona Norte. Moro na Vila Madalena há quinze anos, desde quando casei. Meu marido nasceu e sempre morou aqui. Aqui me sinto bem, é onde meus filhos estudam, faço as minhas compras e me divirto. Adoro a Vila. Pouco fico no escritório, já que meus clientes estão fora. Uso este espaço para produzir conteúdo, receber meus clientes individuais e promovo encontros profissionais com meus colegas.