O frio de 10 graus era um motivo justificável para não comparecer à 34ª Feira de Artes da Vila Madalena ocorrida em 21 de agosto. Mesmo assim, cerca de 100 mil visitantes circularam pelas ruas centrais do bairro para participar das atrações, elementos responsáveis pelo sucesso da edição 2011, como destacou Vângela Velozo, presidente do Centro Cultural Vila Madalena, organização responsável pela produção do evento, quando fomos ouvir dela as principais impressões sobre essa festa que é considerada por muitos uma oportunidade que vai além da diversão: um momento importante para que questionamentos político-sociais ganhem força e visibilidade.
De acordo com a presidente do centro cultural, o perfil dos expositores é diferente daquele dos anos 1980. “Antes, quem expunha na feira eram pessoas com uma renda menor e que tinham uma arte e tentavam vender. Hoje em dia, são pessoas que têm o artesanato como um meio de geração de renda” avalia.
No aspecto comercial, segundo Vângela, o evento cumpriu o seu papel porque os expositores venderam muito bem e lembra que a mudança do perfil do expositor naturalmente imprimiu uma mudança nos produtos à venda. Se antes o que predominava eram peças em mosaico, trabalhos em ferro e madeira talhada, o que se vê hoje é uma onda ligada à moda, trazendo artigos de mais interesse do público, bolsas, acessórios, vestuários. “A proposta é dar espaço para mostrar o trabalho de artistas com criação própria, uma oportunidade de negócios para o expositor, além de um dia de lazer para a cidade”, define.
Além do sucesso de público, dois projetos pilotos foram destacados por Vângela. O primeiro fica para a “Rua do Ciclismo” uma iniciativa que visa motivar o uso de bicicleta pelo visitante, cujo resultado, diz, só daqui a dois anos é que poderão ter uma leitura segura desse movimento. Em segundo lugar está a “Rua do Grafite”, um espaço reservado para discussões, fazendo uso da autoridade que a Vila Madalena dispõe para isso, ressalta.
Muitos planos já estão sendo traçados para a próxima edição, mas na opinião da presidente, qualquer evento no Brasil sofre com a falta de apoio cultural, mas faz 35 anos que a festa acontece e, embora exista uma organização por trás de tudo, diz, ainda tem uma coisa mambembe, e a Feira da Vila Madalena é “uma festa do bairro para a cidade de São Paulo”, conclui. Agora, é só esperar a próxima.