Cão ou gato?

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De que eles são ótimas
companhias, ninguém duvida. Mas há quem prefira um ao outro, sem
dúvida. Cão ou gato? Qual deles é o mais agradável, mais brincalhão,
mais adaptável ao convívio humano? O fato é que depende muito da
personalidade de cada dono, ou seja, há pessoas que se adaptam melhor
ao cachorro e outras que preferem o jeitão felino.
A veterinária e
terapeuta Rúbia Burnier, do Espaço Animal, na Vila Madalena, explica
que cachorros e gatos são as espécies mais domesticadas que existem.
“Eles têm muito interesse em interagir, cada um a sua maneira, com as
suas particularidades. O cachorro tem uma parte do cérebro maior do que
a do cérebro do gato. Por isso, tem possibilidade maior de ser treinado
e de entender códigos sociais. Isso dá a impressão de que o gato é um
animal mais instintivo, anti-social”.
Por ser um animal sociável,
o cachorro, segundo Rúbia, gosta e precisa viver em grupo e tomar conta
dos integrantes deste grupo. “Quanto mais informações eu coloco no
cérebro do cachorro, por meio de treinamento, brincadeiras, estímulos,
mais trabalho a inteligência dele, mas ele se afasta da parte
instintiva. Por isso, diz-se que 80% da personalidade do animal é o
ambiente e 20% é genética”.
Já o gato é um animal com outras
habilidades, como independência, senso de direção, consciência
corporal, higiene, visão noturna apurada e percepção ambiental. “No
entanto, ele tem baixa treinabilidade, baixa sociabilidade e pouca
condição de interpretar os códigos sociais. Ele interpreta, às vezes,
movimentos quaisquer ou a presença de alguém na casa como uma super
ameaça”, diz Rúbia. Além disso, o gato é territorialista. “Ele passa a
maior parte do tempo defendendo o espaço dele. Em função disso,
estabelece, dentro do ambiente, três zonas distintas. A zona de
refúgio, o lugar mais escondido, no alto da casa, onde ele se esconde e
para onde ele leva só quem ele ama muito. Tem a zona de caça, que
também é a zona lúdica, é a área do ambiente onde ele faz as
estripulias dele. O gato é essencialmente noturno, ele dorme de dia e
de noite ele está ligadíssimo. E a zona de ataque, que é uma área
migrável dentro do ambiente, é onde ele percebe uma situação nova, de
ameaça, uma presença que ele não conhece. O gato é apegado ao ambiente,
o que não quer dizer que seja falta de amor pelo dono. É vital para ele
garantir a harmonia do espaço dele. Mudar uma poltrona de lugar ou a
cor do sofá é problema pro gato”.
Mas, afinal, a qual deles você
melhor se adaptaria? Dra. Rúbia sugere que se você trabalha fora o dia
inteiro, não tem quem cuide do bicho e, ao chegar em casa, não terá
como se dedicar ao cão ou ao gato, é um sério candidato a não ter um
animal. “A pessoa precisa ter tempo para cuidar do bicho,
principalmente do cão, que quer contato. Se eu não tenho condições de
tempo e disponibilidade para me dedicar a ele, tenho que bancar esse
investimento terceirizando. Ou colocar ele numa escolinha, ou colocar
uma empregada, ou um passeador de confiança… O cachorro pode ficar
até cinco horas esperando o dono, mas desde que ele tenha gastado
energia física e mental”. A segunda questão, diz a veterinária, é o
espaço. “Quanto maior o cachorro, maior a necessidade de espaço e de
exercício. Ele tem que ter um território porque é isso que organiza a
estrutura emocional dele”. Sem falar no perfil de cada raça.
Já o
gato, avalia Rúbia, há uma variação muito pequena entre as raças quando
se trata de comportamento. E quem prefere ter um felino, geralmente,
são “artistas, jornalistas, comunicadores; gente que não gosta de coisa
que fica no pé, pedindo o tempo todo atenção; gente que gosta de
autonomia, que privilegia a liberdade, a sensualidade e a perspicácia”.

Seja cão ou gato, é preciso muita lucidez e responsabilidade ao
pensar em ter um animal de estimação. Inclusive quando se tem uma
criança em casa. “Até cinco anos não recomendo nem gato nem cachorro.
Crianças muito pequenas não têm condições de elaborar coisas muito
importantes como respeito, olhar para o bicho como um ser vivo e não um
brinquedinho. Muitos pais não têm tempo de acompanhar a educação dos
filhos, então acontece muito acidente, muita agressão. Tanto a criança
agride o animal, o filhote, quanto os animais se defendem da criança. A
partir dos cinco anos já se pode incluir a criança no processo de
criação, não delegando a ela a função do adulto, mas trocar a água,
ajudar a escovar, brincar. E criar noções muito forte de respeito
mútuo. Bicho não é brinquedo”, completa Rúbia.

Espaço Animal
Rua Madalena, 80, Vila Madalena.
Telefone 3034-3131. Vetmóvel 9996-1222

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