Duda, mentiras e…

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Depois de 28 anos de corporação com uma folha de serviços sem reparos, o delegado federal Antônio Rayol sofreu, em seis meses, cinco diferentes sindicâncias. O agente Fábio ajudou seu superior a lavrar a ocorrência de um crime, que motivou um processo contra ambos, embora o agente da PF disponha de imunidade sindical.
Constitucionalmente, é permitido ao funcionário da Polícia Federal repassar informações da repartição pública que não estejam sob o manto do segredo de Justiça. Apesar disso o delegado Rayol foi indiciado por “concorrer para escândalo público” e “arranhar publicamente a reputação da Polícia Federal”. Por trás do processo está o fato dos dois policiais federais terem comandado a operação que resultou na prisão do publicitário Duda Mendonça numa rinha de galos, no Rio de Janeiro, em 21 de outubro de 2004. As informações estão em artigo de Cláudio J. Tognolli na Revista Consultor Jurídico, este mês.
Ano passado a mídia deu destaque ao fato pois o autor do crime era marketeiro do presidente Lula. Duda foi indiciado por maus-tratos a animais, por ter feito apologia a este tipo de delito, e por formação de quadrilha. Logo após o flagrante, Duda telefonou pro Ministro da Justiça, dando demonstração de suas relações íntimas com a alta cúpula da República, numa clara “carteirada”. No dia 25 de outubro saiu uma nota na Folha de S. Paulo segundo a qual o presidente Lula teria determinado ao Ministro da Justiça, Thomaz Bastos, que investigasse se a operação teve motivação política, e que tomasse as providências que julgasse adequadas, inclusive com “troca de comandos”. Rayol foi afastado do seu cargo dias depois.
Em seu depoimento à CPI dos Correios Duda Mendonça afirmou que já foi absolvido das já citadas acusações que pesam contra ele. Mentiu. E mentiu de novo quando minimizou o crime contra animais, com pena prevista em lei, dando a entender, com um gesto e uma careta, que a crueldade que praticou e pratica é uma questão restrita à competência do IBAMA. O marketeiro não é tão desinformado, como fez de conta que é, sobre os delitos que cometeu: contra animais e por evasão de divisas ao aceitar dólares em pagamento pelo trabalho de marketing nas campanhas do PT, depositando-os em conta fora do país. E pra coroar, alegou não poder usufruir destes ganhos porque vive aqui. Ora, se assim é, por que então abriria a conta fora do Brasil “seguindo instruções de Marcos Valério”? A Unidade de Inteligência das Bahamas, já informou que o marketeiro movimentou a tal conta. O ego inflado de Duda fez com que acreditasse que estava vendendo um produto qualquer para milhões de bobos, via TV Senado. Ou que, por ser amigo do rei, ninguém checaria suas declarações.
Duda jogou areia no plenário da CPI e, se não cegou os parlamentares, no mínimo estes engasgaram. Nenhum deles desfez o “equívoco” de Duda sobre a Lei 9.605, artigo 32 (Lei dos Crimes Ambientais), o que denota ignorância, mesmo entre parlamentares, acerca do assunto. Ou será indiferença? Nem mesmo Júlio Redecker ou Eduardo Paes (ex-PV), ambos deputados do PSDB os quais apontaram o processo que o depoente já sofria antes da CPI, o desmentiram.
Diante de Duda, mentiras, videotapes, sigilos quebrados, mensalinhos, mensalões, severinos e falastrões, fiquemos de olho neles e não deixemos de questionar: de onde vieram tantos milhões? Até quando pagaremos aposentaria a políticos cassados por corrupção? Até quando alguém que promove rinhas entre animais será chamado de “boa pessoa”, como o foi Duda Mendonça, por parlamentares? Lembremos que os galos cegos, amputados, sangrados, mortos – para diversão e apostas nas rinhas – também são valores não contabilizados.

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