José Luiz de França Penna é um dos 55 vereadores da cidade de São Paulo que vão iniciar a nova legislatura da Câmara de Vereadores da maior cidade do país. Recebeu com 25.820 votos, é e um dos três eleitos pelo Partido Verde (PV), pela coligação com o então candidato a prefeito (e reeleito) Gilberto Kassab. Potiguar de Natal mas que viveu boa parte de sua vida na Bahia e em 1970, após a decretação do Ato Institucional número 5, veio para São Paulo e fez parte do primeiro elenco da peça “Hair”, onde atuou ao lado de Sônia Braga, fez direção musical no filme “Sargento Getúlio”, dirigido por seu irmão Hermanno Penna. Na música, fez parceria com Belchior e trabalhou com teatro e em novelas da extinta TV Tupi, além de outras atuações no meio artístico. Desde 1972 fixou residência na Vila Madalena e criou o Centro Cultural Vila Madalena que realiza os eventos como a Feira da Vila e o Noel na Vila, que atraem milhares de pessoas a cada edição. Esse trabalho junto à comunidade da Vila Madalena associou sua imagem ao bairro. Agora, em seu primeiro mandato como vereador da cidade, Penna, filiado ao PV desde 1987, é presidente nacional da sigla desde 1999. Nesta entrevista, Penna, que também colabora mensalmente com o Guia da Vila Madalena, fala da conjuntura política atual e de seus planos para a nova função que irá desempenhar na Câmara dos Vereadores a partir de fevereiro próximo quando se inicia a nova legislatura.
O Partido Verde deixou de ser um partido ecológico?
Não, continua preocupado com as causas ambientais, mas hoje tem uma atuação mais abrangente, mais política.
Por que o PV, aqui em São Paulo, preferiu fazer a coligação com o Democrata em vez de lançar candidatura própria?
Desta vez o PV preferiu, em todo o país, disputar para ganhar mais espaço e por esse motivo decidimos sair como candidato, com chances de vitória, como foi o caso aqui em São Paulo. Tive 25.820 votos e muitos deles foram dados aqui na Vila Madalena. Tenho um carinho especial pela região, sem dúvida.
Essa estratégia do PV deu certo?
Sim, conseguimos eleger três vereadores em São Paulo e tivemos uma boa participação em cidades importantes como no Rio de Janeiro, onde o deputado federal Fernando Gabeira disputou em pé de igualdade a prefeitura carioca.
O PV também apóia o governo federal e estadual.
Sim, temos o Ministério do Meio Ambiente e o da Cultura, que até meses atrás tinha Gilberto Gil no comando, e aqui em São Paulo temos duas secretarias. O PV cresceu muito na última eleição e vamos crescer mais.
As feiras dos bairros, como a Feira da Vila e a Feira da Pompéia, por exemplo, devem continuar? Qual é a sua posição como vereador?
As feiras devem continuar porque é um marco de cada bairro. A Feira da Vila, que promovemos desde 1977 de forma informal e desde 1980 faz parte do calendário oficial da cidade, tem ajudado a revelar inúmeros artistas e artesãos que não tinham e não têm como levar sua arte até o consumidor final. E vou dar todo o meu apoio para as feiras que já existem na cidade. Elas devem continuar a existir.
Eventos como a Virada Cultural devem ser regionalizados?
Sem dúvida, a cidade deve ter esses eventos em todos os cantos, não apenas em alguns. Vou trabalhar para que atividades como essas possam acontecer em toda a cidade.
Intervenções como o boulevard que está sendo planejado para a Vila Madalena vêm para melhorar o bairro?
É preciso ser mais discutido com a comunidade. Não dá para ser de cima para baixo. Os moradores também devem opinar se querem ou não essas modificações. Não podem prevalecer os interesses de alguns em detrimento da maioria.
O prefeito Gilberto Kassab anunciou que vai liberar uma verba de R$ 2 milhões para cada vereador. Como o senhor vai gastar esse dinheiro?
Basicamente, vou direcionar essa verba em ações junto às secretarias comandadas pelo Partido Verde: Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida e a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente.
Como era a Vila quando o senhor chegou em meados de 1970?
Morei em diversos endereços aqui na Vila. Era um lugar muito tranquilo e com ares de interior. As pessoas escolhiam o bairro pela proximidade do centro, da Universidade de São Paulo e as pessoas tinham os mesmos interesses, como muitos artistas, inclusive eu e pessoas ligadas ao meio cultural. Até chegamos a ter um bloco de carnaval (Sacuda Vila), que saiu apenas em 1984.