Por Pedro Costa
Maiakovski era o nome do nosso primeiro cachorro, antes da gata Rosa Luxemburgo e do papagaio Lenin.
Nessa época, em plena ditadura militar, os estudantes faziam uma peça de criação coletiva e representada também por nós mesmos no teatro da PUC na Rua Marquês de Paranaguá, quando o então secretário da segurança pública, Erasmo Dias, invade com a cavalaria o campus da universidade e o teatro durante a apresentação e sobraram pancadas e cacetadas pra todos os lados. Lá fora nos esperavam uma fila imensa de camburões da polícia rumo à delegacia, onde fomos indevidamente presos.
Mesmo assim continuávamos presentes em todas as passeatas e atos públicos, fosse levando saquinhos de bolinha de gude quando chegava a cavalaria, soltando gatos de rua das caixas de papelão sobre os cachorros alemães da infantaria ou empunhando megafones contra o autoritarismo daqueles anos tristes da nossa história.
Ainda em pleno regime militar, fundamos o grupo de poetas Sanguinovo e fizemos a Passeata Poética pelas ruas de Sampa contra a ditadura. No trajeto, colávamos o lambe-lambe “Os Poemas no Poste”. Novamente fomos recebidos pela Polícia Militar, desta vez comandada pelo secretário Romeu Tuma.
Apaixonado ainda pelas ideias marxistas, nasce meu primeiro filho, Pablo, que agora completou 35 anos, cujo nome é uma homenagem ao grande poeta comunista Neruda.
Muitas águas rolaram, muitos bichos passaram e como já disse Mário Quintana, “Todos esses que aí estão atravancando meu caminho, eles passarão… eu passarinho”.
Hoje, continuo de esquerda, nem “coxinha”, nem “petralha”, como se classificam por aí. Gosto mesmo do Bakunin e Malatesta, duas lindas calopsitas que encantam e cantam livres e soltas na minha varanda.
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