Primeiro as boas. A missa campal com que anualmente o Instituto Nina Rosa comemora o 4 de outubro, dia dos animais, desta vez foi celebrada no próprio Centro de Controle de Zoonozes. Sinal dos ventos que sopram em Santana, pós-revolução do Projeto Piloto do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (dezembro/2000). Então, Isabel A. Moreira dirigia o Centro. Meses depois, Dr. Eduardo Jorge na Secretaria da Saúde e Rita de Cássia Garcia – dirigindo o CCZ – continuaram o processo de humanitarização do órgão.
Agora, Luciana Hardt Gomes dá prosseguimento ao trabalho das antecessoras, veterinárias como ela. O CCZ vem promovendo cursos de capacitação de voluntários para que ministrem aulas em escolas sobre posse responsável em parceria com ONGs de Proteção; e esteriliza cães e gatos do Centro quando adotados pelos paulistanos. Na Semana do Animal deste ano, o CCZ programou exibição de filmes onde animais são o tema, e de uma peça de teatro, “SRD” (Sem Raça Definida). É bom lembrar que atualmente no CCZ se pode adotar um animal durante a semana (entre as 9 e 17 horas) e aos sábados (até as 15 horas) o ano todo, já vermifugados, vacinados e esterilizados (castrados). Maiores informações pelo telefone 6224 5500.
Poucos conseguiam prever, há menos de quatro anos, tais fatos. Como o do padre Ilson Frossard, o São Francisco do Alto de Pinheiros (uma das poucas vozes da Igreja a se levantar em favor dos animais) celebrando uma missa comemorativa naquele local. O Movimento de Proteção prova, assim, que as utopias podem ser realizadas. Não só sonhando e criticando, mas trabalhando duro, coeso, e com visão política.
O aviso vem do CPNA (Centro de Planejamento de Natalidade Animal). Atenção para os detalhes na organização de um grupo de animais para esterilização:
1 – Qualquer Protetor ou Pet Shop pode entrar em contato com o CPNA, pelos telefones 5687-7071 (Capela do Socorro) ou 6168-6577 (Sacomã) e falar com Altina.
2 – É necessário que haja um local (geralmente um Pet Shop) e uma pessoa para fazer o cadastramento e dar as orientações necessárias sobre o jejum e cuidados com o animal para o dia marcado para a cirurgia.
3 – O CPNA cede uma faixa de divulgação da campanha e a ficha de cadastramento.
4 – No ato do cadastramento o proprietário do animal efetua o pagamento (45 Reais), preço único. Seja para cães ou gatos, machos ou fêmeas.
5 – Quando houver 25 animais cadastrados, o CPNA marca a data das cirurgias.
6 – O ônibus do CPNA retira os animais pela manhã e os leva para a Clínica.
Os animais são devolvidos aos seus proprietários à tarde. (O local deve ser de fácil acesso para o ônibus).
A cirurgia de castração previne doenças, evita tumores, garante o bem-estar dos animais, facilita o convívio e a interação homem-animal e é a única medida eficaz no controle da superpopulação de cães e gatos, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
E a má notícia. Em 21 de agosto foi a Branca. Em 20 de setembro, a Marrom. As duas cadelas que viveram desde filhotes na praça Amundsen (em frente ao portão do Parque Villa-Lobos) foram encontradas mortas ali, com indícios de envenenamento. Tomavam banho e eram vermifugadas periodicamente; e vacinadas. A Companhia do Bicho providenciou a esterilização das duas, mais a de Casquinha, a sobrevivente. Tentamos doá-las. Nunca conseguimos.Sob os cuidados de uma protetora independente resta ainda Lobão que, como as outras, tem sua casinha junto à moradia do vigilante da praça. Aos que podem usufruir de sua beleza, tenham os olhos atentos.
Relatos tardios do que deveríamos saber antes que assassinassem as duas, só agora são revelados.
Com a urbanização recente da praça, aconteceu o que acontece com os índios e os animais silvestres: são expulsos ou confinados em pequenos espaços. Acorrentadas durante o dia todo, só à noite elas tinham direito à liberdade. Ultimamente até água limpa esqueciam de lhes dar.
Fica a pergunta que leva aos culpados: quem tinha interesse em matá-las? E a constatação da arrogância do animal humano perante a vida de outras espécies. Até quando conviveremos com este mal impune representado pela “civilização”?
O que me consola é que dei a Branca e Marrom, alimento, água fresca, o carinho possível e a lembrança do amor efusivo com que me retribuíam por tão pouco. E me pesa que, porque eram três, não pude tê-las comigo. Casquinha, porque tornou-se única, aqui está.
E ainda há pessoas que não enxergam a necessidade do controle populacional dos animais urbanos. Pior ainda, as que lucram fazendo-os reproduzir-se, gerando futuros abandonados à mercê de assassinos seriais.