Pedro Costa
Por mais de cinco séculos, o sorriso debochado, irônico ou malicioso de Monalisa perturbou o mundo, atrás do significado deste sorriso. O que Monalisa quer nos dizer?.
Foi preciso perdurar esta dúvida durante todos estes anos. O mestre Leonardo da Vinci jamais poderia imaginar que mais de quinhentos anos após a sua obra, a “descoberta” do significado do sorriso de sua musa seria aqui, na América do Sul, no Brasil, cidade de São Paulo, na Vila Madalena, como costumo dizer, onde tudo acontece.
Reis, magos, astrônomos, tentaram em vão decifrar tal riso. Afronta ou deboche. Artistas da época indignados e impotentes diante do sentido do sorriso. Se há a descoberta, há o descobridor. E vocês saberão, em primeira mão, quem é este nosso artista. O leitor verá que as coincidências são inúmeras entre o pintor de Monalisa, Leonardo da Vinci, e o seu “descobridor”, também artista e arquiteto, Aurélio Longo. O primeiro nasceu em Vinci, próximo a Florença na Itália em 1452. Já o nosso Aurélio, nasceu numa comunidade italiana, no Cambucí. Percebam que o mesmo sangue macarrônico circula pelas veias artísticas de ambos. Os avós do Aurélio nasceram na mesma terra de Da Vinci. Como arquiteto da equipe de Oscar Niemayer, realizou obras em vários países da Europa entre premiações e reconhecimentos oficiais, de cada lugar em que trabalhou. Da Vinci trabalhou na equipe de Verrocchio. Empregou-se como aprendiz deste escultor e pintor. Depois também rodou toda a Europa, desenvolvendo projetos de engenharia e arquitetura. Realizou pesquisas originais sobre os centros de gravidade, no que antecipou-se a Galileu. A partir dos vôos de pássaros, Leonardo determinou os princípios da construção de um aparelho mais pesado que o ar. Entre seus desenhos incluem-se esboços de um submarino, helicóptero e pára-quedas.
Pois é, caro leitor. Não sabemos o que nos zomba mais, o próprio destino ou o sorriso de Monalisa, que veio cair desmascarada, justamente aqui na Vila Madalena, na rua Wisard, no ateliê do Aurélio.
Monalisa continua sendo a pintura mais famosa do mundo. Ficou mais conhecida em 1911, quando foi roubada, numa época em que os jornais populares cresciam. A imagem foi reproduzida globalmente assim que a busca começou, mesmo assim não deixou de sorrir. Nos tempos recentes, as multidões que fazem fila para vê-la estão mais densas do que nunca, com fluxo de milhões de turistas no museu do Louvre, em Paris. Para cada um que sai de sua frente, fica a pergunta: “Ta rindo do quê?”
O Aurélio Longo sacou. Depois de muitos anos analisando e estudando o quadro de Da Vinci. E já que a resposta não está propriamente no sorriso, deixemos Monalisa sorrir.
Diariamente esta personagem assiste milhares de chineizinhos em excursão tirando fotos e fotos suas, centenas de americanos com foguetinhos nas mãos, meia soquete e flashes aos seus pés.
Talvez o seu riso seja pelos tempos que passam e não mudam. Talvez, o sorriso seja de impaciência. Talvez tenha sido um riso prevendo a globalização, a mesmice. É o riso que atravessou os séculos zombando da dúvida, menosprezando o tempo, ou simplesmente, o sorriso de Monalisa seja a língua de Einstein.