Ana Lúcia Leão
chochas cuquinhas tão bem encaixadas
entre as abas largas dos seus chapéus
cios em flor pra dor anunciada,
fremem em franjas bisonhas cowgirls
fruto presente, gêmeo do gerado
em priscas eras nas cruas querelas
bradam o replay de sangue cobrado
– welcome, cowboy! choca o ovo da guerra!
o olhar preso na porta do brete
sinal-da-cruz faz o peão contrito
calvário do boi é crença pra ele
ser seu avalista, o papel de Cristo
o sino tange no bovino ouvido
tinido da sanha do insensível
a glote engole o mudo mugido
pra turba assanhada, dor intangível
sedento sedém abraça seu sexo
nada de amor neste ato braçal
muito pule o boi, se explode seu plexo
boy, coisa boba! é só um animal
o antigo circo de neros e feros
agora faz glória na era global
risíveis cowboys de um far west
os Rs de ruim, de réu e de arreio
rodeiam a areia de um picadeiro
procurei um R no termo odeio
laçaram do tempo, puseram em rodeio.