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No começo de agosto foi
lançado o livro Uma Outra Cidade, do fotógrafo Iatã Cannabrava.
“Percebi que eu tinha que mudar o meu jeito de fotografar. Eu tinha
começado a fotografar as periferias de São Paulo, mas em preto e
branco, uma forma mais tradicional. Aí, quando juntei os dois
movimentos – um que me tirava do p&b e o outro que me levava ver a
outra cidade, como eu chamo a periferia –, surgiu este trabalho, a
ideia de mostrar a criatividade, a capacidade de sobrevivência na
exclusão, na qualidade se sub-existência na exclusão, na total ausência
do Estado que as comunidades mais carentes vivem”, diz o autor. A
última foto foi feita em fevereiro deste ano em La Paz, na Bolívia, no
bairro periférico mais alto do mundo, El Alto, que fica a 4.100 metros
de altura.
Ele foi também para Caracas (Venezuela), Lima (Peru),
Buenos Aires (Argentina), Montevidéu (Uruguai), Cidade do México
(México), além de algumas cidades brasileiras, como Belém (Pará),
Brasília (DF) e algumas cidades grandes do interior de São Paulo. “As
fotos não têm uma ordem cronológica e nem geográfica. Elas foram
organizadas por sentimentos, por sentidos, por luzes, por manhã, tarde
e noite, de maneira a mostrar que isso tudo é um universo único”,
explica o fotógrafo.
No início ele fez contatos através de
lideranças comunitárias, políticas, e também através de sua mãe, que
desenvolvia trabalhos na periferia, e de um assistente que, na época,
morava na periferia. “Depois eu comecei a dar workshops de fotografia
em algumas regiões até que, por fim, ficou um processo meio natural”,
conta. Todas as fotos foram tiradas com uma Hasselblad antiga, daquelas
que ficam penduradas no pescoço e o fotógrafo fica olhando pra baixo.
Iatã
garante que é um trabalho muito mais positivo do que de denúncia: “É um
trabalho mais poético sobre outro modelo de vida. O modelo de vida da
classe média é para poucos, é um modelo em decadência. Esse modelo
popular de construir e de fazer servirá como matriz para a criação de
novos caminhos, de novos modelos para as sociedades futuras”.
www.iatacannabrava.fot.br
