Luz para todos

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Tenho insistido, nesta coluna, em chamar a atenção para a força da economia criativa. Disse em outra oportunidade, analisando a crise europeia, que esse tipo de economia foi a que sofreu menor impacto na presente crise. E aqui, no Brasil, ainda tratamos essa questão com um desleixo incompreensível, embora tenhamos uma vocação pronunciada. 
Lembro que, quando comecei a me interessar pela área de cultura e arte, era consenso a importância de Paris, que era chamada de Cidade Luz. Parecia que, fora do âmbito parisiense, tudo era periférico e sem importância. Depois, com o advento do rock’n’roll e da arte pop, Londres e Nova Iorque passaram a ter forte importância. 
No Brasil, nós tivemos alguma correspondência com essa movimentação, através do tropicalismo, sem que, contudo, tivéssemos qualquer apoio governamental, até porque vivíamos um regime de autoritarismo militar. Nunca tive simpatia por essa falta de acesso planetário às manifestações culturais e artísticas, a ideia de fazer desses instrumentos bens para poucos. 
Com a avassaladora entrada da comunicação eletrônica diminuindo sobremaneira as distâncias entre os povos, leio num jornal diário que uma pesquisa feita em Londres elegeu 12 novas potências culturais. Londres, Paris, Berlim e Nova Iorque ainda são reverenciadas, mas também aparecem na lista Tóquio, Istambul, Joanesburgo, Xangai, Sidney, Cingapura, Mumbai e São Paulo, sendo esta última a única da América do Sul presente. A sociedade paulistana construiu essa possibilidade longe de qualquer esforço dos governos municipal, estadual ou federal. Como militante da causa, principalmente na nossa Vila Madalena, fico estarrecido com a notícia, e folgo em saber que a cidade luz tem novas companhias. Sendo São Paulo uma delas, fico na esperança de que em breve teremos luz para todos.

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