Com rock na veia

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Com rock na veia

Um nome que se destaca no cenário musical:  Chuck Hipolitho. É um roqueiro que se diz eclético em matéria de música, mas tem no punk rock suas raízes. Veio de Pirassununga, para estudar propaganda e marketing em São Paulo e um emprego na MTV o levou a viver do que mais gosta: música.
Ele começou na MTV como estagiário de programas, entre eles o do VJ Cazé. Acabou ganhando espaço próprio na emissora tempos depois. Comandou programas como Discoteca, onde visitava artistas para conhecer sua coleção de discos e preferências musicais. Prepara, para o próximo ano, um novo quadro na MTV e também vai cair na estrada com a sua banda, Vespas Mandarinas, em shows e divulgando o primeiro trabalho gravado. A entrevista que aconteceu no Estúdio Costella, que ele mantém no Sumaré, Chuck, que mora na Vila Beatriz, fala de música, gastronomia e muito mais. 

Fale um pouco de você.
Sou de Pirassununga, interior de São Paulo, sede da Esquadrilha da Fumaça, da FAB, e da Caninha 51 (risos). Na oitava série, eu e os meus amigos éramos os rebeldes da classe e curtíamos Guns N’Roses e resolvemos montar uma banda cover dos caras. Comprei de um vizinho uma batera usada e comecei a aprender a tocar. Foi aí que comecei com a música. 

E quando você decidiu levar a sério?
Quando cheguei em São Paulo, em 1998. Vim para fazer faculdade de publicidade e marketing no Mackenzie. Aqui entrei na banda Forggoten Boys, que só cantava em inglês. Até gravamos um CD. Em 2005, resolvi levar a sério esse negócio de música e viver disso. A partir do momento que você muda aquela “chavinha” na cabeça para ter uma postura mais séria é que isso vira profissão mesmo. E a música é a minha vida.

Como você foi parar na MTV?
Meu plano era fazer publicidade e marketing no Mackenzie. Acabei fazendo apenas o primeiro semestre. Fiz um teste para fazer estágio na MTV e acabei ficando. Para mim era o máximo, apesar de ganhar muito pouco lá. 

O que você fazia na MTV?
Era estagiário de programas do Cazé e do João Gordo. Naquela época, a MTV mostrava os bastidores dos programas e eu aparecia de em vez em quando.

E como você virou VJ?
Fiz muitos testes para VJ na MTV. Na hora sempre aparecia alguém melhor do que eu. Na verdade, não sonhava ser VJ. Fiz alguns testes constrangedores (risos). Disputei vaga com a Penélope Nova. É claro que ela ficou com a vaga. Ela tem uma personalidade forte, é mulher e tinha uma atitude que combinava mais com a proposta do programa. Saí e voltei para a MTV em 2010.

O que você fez neste intervalo entre a saída e a volta à MTV?
Me dediquei à banda Forggoten Boys. Fui morar nos Estados Unidos com meu pai, onde aproveitei para estudar, entre outras coisas, gastronomia. Quando voltei, fui trabalhar num restaurante na Vila Madalena, o Madaleine. Era estagiário, ajudava a limpar camarões, legumes e às vezes até arriscava a fazer um risoto (risos).

Você curte cozinhar?
Esse lado de cozinha vem dos ensinamentos da minha mãe, que sempre ensinou aos filhos a se virar na cozinha. Amo gastronomia. Não sou muito fã da chamada alta gastronomia, que acho chique demais. Gosto de comida de boteco.

Tem alguma sugestão?
Na João Moura tem o Buttina, que é italiano e incrível. Na Vila Madalena tem o Rhotko (Rua Wisard, 88) que tem um hambúrguer muito legal. 

Que prato você mais gosta?
Gosto de hambúrguer. São Paulo é o melhor lugar para comer hambúrguer. Eu já comi em todos eles. 

Para você, cozinha e música tem semelhanças?
Sim. Acho que entre a música e a cozinha tem muitas semelhanças. É uma mistura que envolve a sensibilidade.

Voltando à música, o que você apresenta na MTV atualmente?
Desde 2011 estamos juntos eu, a Gaía e o China. Apresentamos hoje o MTV1, que é um programa on-line e tem drops que são colocados na programação da emissora. Entrevisto um monte de gente bacana. Você se sai bem nessas entrevistas. Na verdade sou meio tímido e tem uns caras que são meio intimidadores. Acho que a conversa flui melhor porque falo com eles como músico que sou. Ajuda quando a gente conversa sobre música sabendo do que está se falando. Isso ajuda a criar uma simpatia. Mas, na verdade, detesto entrevistar. Acabo fazendo isso pelo profissionalismo. O bom é chegar perto desse pessoal e aprender muito com eles. Sempre, chego sem nenhuma expectativa. Muitos deles são ídolos para mim.

O que faz quando o entrevistado não faz o seu gênero?
Recentemente fui entrevistar o Simple Plan, que faz um som que não me agrada, é muito juvenil. Fui lá e troquei uma ideia com eles, que são supergente fina. O gosto musical não deve ser um limite e nem excluir uma conversa. Mesmo que a gente discorde. Ninguém precisa concordar com meu gosto musical. Tem gente que eu não curto e no final a conversa rende. Mas todo mundo é educado e profissional neste meio.

No programa Discoteca, você ia até a casa do artista para conhecer a coleção de discos que ele tinha e saber suas preferências. Teve muita surpresa?
Um deles foi o Miranda (do SBT) que mora aqui no Sumaré. Ele coleciona CD, vinil, bonecos, gibis… Ele é demais. Também foi legal conhecer a coleção do Emicida e saber o que ele curte. Esses artistas são bons e não é à toa. É gente que estuda. Eu mesmo que sou do rock, escuto muita coisa diferente. É preciso se alimentar de outros sons. No ano que vem devo apresentar um programa com bandas independentes e ainda desconhecidas.

O que é o rock significa para você?
Rock’n’roll para mim é antes de tudo uma atitude, um jeito de fazer as coisas. Acho que o punk rock é o acento agudo do rock. É muito “eu faço o que eu quero”. Cresci ouvindo bandas de punk rock e isso me influenciou. Acho que essa atitude na música e a energia do rock estão em muitas coisas. 

O que você escuta e evita escutar?
Escuto qualquer coisa que tenha essa energia. Pode ser o Frank Sinatra, o Bezerra da Silva… A vida é curta e não tenho tempo para ficar ouvindo a mesma coisa sempre. 

Fale um pouco do seu estúdio.
Antes de vir para cá, tinha um estúdio na Rua Jericó, na Vila Madalena. Era um quartinho de empregada. Achei este lugar, reformei e virou o Estúdio Costella, em homenagem ao Elvis Costello. 

Você aluga o estúdio?
Sim. Este estúdio é para trabalho. Eu não sou muito bom em administração, mas o estúdio também precisa render para pagar as contas no final do mês.

Fale um pouco de sua banda, os Vespas Mandarinas.
Decidimos, desde o início, que iríamos focar nossa atenção no agora e no que tínhamos que realizar. Primeiro, me juntei com essa galera (Tadeu, voz e guitarra, André, bateria, e Flávio, baixo) porque acreditamos que podemos fazer um rock nacional pop que todo mundo pudesse gostar e que tivesse essa atitude rock. É possível! E eu acredito que tenho repertório dentro de mim para transcender na música.

Onde vocês se apresentam?
A gente tem tocado em festivais. Chamamos a atenção do Rafael Ramos, da Gravadora Beck, e fomos contratados por ele. A Pitty e um monte de gente legal trabalha com ele. Ele produziu o disco que vamos lançar no início de 2013 e depois vamos cair na estrada. Sei que isso vai me deixar cansado. Já sou um velhinho… (risos) Mas é isso que vai nos deixar feliz. Acho que as pessoas vão gostar do nosso disco e estou louco para lançar o disco e cair na estrada.

Pra terminar, por que o nome Chuck?
Meu nome é Eduardo. Quando entrei na MTV, eu tinha o cabelo vermelho e um câmera passou e me chamou de Chuck, por causa do boneco do filme. É claro que não gostei. Mas aí todo mundo passou a me chamar de Chuck. Quando fui assinar o contrato para fazer meu primeiro programa na MTV, eu queria que fosse Eduardo. Aí o pessoal falou que ninguém me conhecia assim. E acabei assumindo o Chuck. (GA)

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