Temas femininos

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Foto: Tiago Gonçalves

Tiago Gonçalves
Vera Iaconelli, do Instituto Gerar

Psicóloga e psicanalista, Vera Iaconelli criou em 1999, o Instituto Gerar para estudar entre outros temas o feminismo, a perinatalidade e parentalidade.

Vera é formada em psicologia e doutora em psicologia pela USP. Escreve semanalmente uma coluna na Folha de S. Paulo onde trata de temas como família e escola. É autora do livro Mal-Estar na Maternidade: do Infanticídio à Função Materna (Annablume) e cooautora de Histeria e Gênero: o Sexo como Desencontro (Versos).

Além do atendimento em consultório, coordena, no Gerar, pesquisas e o curso de pós-graduação na área de perinatalidade e parentalidade, que envolve as relações entre as famílias e os filhos naturais e também com os adotados.

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Vera explica que dentro da parentalidade aparecem questões como o feminismo, famílias LGBT, problemas no parto, violência obstétrica, violência contra a mulher entre outros assuntos. Ela lembra que o Brasil é campeão mundial em número de cesarianas. “É uma intervenção cirúrgica de médio porte e pode ter consequências futuras para a mulher, tanto física como psicológica!”.

O Gerar trabalha com a questão dos casais homossexuais que desejam ter filho e foram ampliando os estudos como os de gênero, tanto para mulheres como para homens, o feminismo e outros temas importantes.

Atualmente os homens, segundo Vera, estão sendo mais solicitados e exigidos e também participam espontaneamente  na criação e cuidados dos filhos. “Isso acontece porque a mulher está mais inserida no mercado de trabalho e está mais participativa”.

O Gerar realiza pesquisas e promove cursos e workshops, entre eles,  sobre a fertilização, a maternidade no Xingu e outros. As pesquisadoras atendem tanto questões de gênero como prestam atendimento em hospitais e a rede clínica  que atende mães e pais dos bebês.

Um dos serviços que o Gerar oferece ao público é o grupo Rede Clínica. Composto por psicólogos formados ou cursando pós, eles prestam atendimento em consultórios para os pacientes que procuram ajuda. “O paciente é atendido no consultório do profissional e é supervisionados por nós”, explica Vera. “Quanto aos custos, o paciente resolve isso diretamente com o profissional que o atende. Têm pacientes que não pagam nada, outros pagam o que podem. Nossa premissa é atender a todos os que precisam dos nossos serviços”, esclarece.

Na questão da gravidez na adolescência, Vera diz “que a adolescente muitas vezes não tem a noção exata do que é ser mãe e muitas vezes passam para a avó esta tarefa. A gravidez na adolescência é mais problemática quando a jovem é de  família classe média ou classe média alta. O percurso de estudo pela frente fica interrompido e a maternidade vai interferir. Por outro lado, as famílias de baixa renda, esperam que as filhas cheguem ao ginásio e ou colegial. A escolarização é um fator que retarda a gravidez! Por outro lado, as mulheres que têm uma carreira, quando chegam aos 30 e poucos anos e querem engravidar, muitas vezes não conseguem. É um paradoxo. Adolescentes engravidam muito mais fácil porque estão no auge da fecundidade. E os meninos também precisam se responsabilizar pela gravidez. Não basta dar um nome e pagar uma ajuda de custo.”

Favorável a descriminalização do aborto, “precisa ser descriminalizado e legalizado porque assim conseguimos diminuir o número de abortos feitos. Mesmo com a legalização, os abortos vão continuar a acontecer mas vão morrer menos mulheres. A mulher tem o direito de escolher se faz ou não o aborto”, diz.

Vera vê dificuldades futuras em temas que envolvem os casais LGBT. Ela acha que haverá um retrocesso. “É preciso reconhecer o direito do outro viver sua vida afetiva e sexual da maneira que achar melhor”.

A relação entre famílias e escolas também deverá mudar, “Com a escola sem partido não sei como as coisas vão ficar. Vamos ter muito trabalho à frente”, finaliza. (GA)

Instituto Gerar, Rua Natingui, 314, Vila Madalena, Telefones 3032-6905 e 97338-3974, www.institutogerar.com.br

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