A ceramista Caroline Harari se dedica há duas décadas a dar formas e usos para a argila e seus trabalhos podem ser vistos em uma nova exposição.
Dona de um temperamento irrequieto e agitado, Caroline se formou em história na USP e arqueologia e trabalhou com nações indígenas no país. A oportunidade de conhecer a cerâmica veio através de um curso com Laís Granato, que faz questão de lembrar “que graças ao incentivo de Laís que eu me transformei em ceramista”.
Depois do fim do casamento, Caroline escolheu a Vila Madalena para morar e trabalhar “por conta da tranquilidade do bairro e da oferta de boas escolas para minhas três filhas e foi aqui que instalei o meu ateliê”. Hoje, ela lamenta a especulação imobiliária que toma conta da vizinhança.
Caroline lembra que a cerâmica é fundamental para o ser humano desde “tempos mais antigos, ou seja, seis mil anos atrás e continua essencial em nossas vidas. Uma panela de barro não tem fim, o mesmo acontece com utilitários como moringa, pratos e depois também serviu para cobrir nossas casas, pisos e uma infinidade de utilização”. E poder trabalhar a argila com as mãos “é essencial para mim”, explica.
Ensinar cerâmica para jovens com autismo e outros transtornos foi uma experiência gratificante que a cerâmica proporcionou para ela: “No ano e meio que ensinei cerâmica, eles extravasaram sua criatividade e ficaram mais calmos. Pena que o projeto não teve continuidade”. Essa experiência resultou na exposição “Para não dizer que não falei das flores”.
Em 2001, fez a primeira exposição com o nome “Barro e Renda”, no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo. Depois vieram outras por aqui e em outras cidades como Salvador. Ela utiliza rendas brasileiras para “estampar” as peças de cerâmica que ela cria. E a nova mostra que vai até o final de abril tem o título de “Conversas com o vento”. Estrelas, folhas e mandalas de cerâmicas unidas por um cordão têm movimento ao sabor do vento.
Além de Caroline, a Exposição de Artes Visuais do Parque do Povo apresentam trabalhos de Thiago Bender (cavalinhos de madeira), Bete Nóbrega (Passarada, grafitte), Alex Kaleb Romano (pintura), Tom Wray (Conexão Urbana) e Mariana Pavanelli (pintura e spray). O parque fica na Av. Henrique Chamma, 420, Itaim Bibi, com entrada grátis.