Sabores do Alentejo

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Kátia Gomes

Na esquina das ruas Purpurina e Girassol, se avista uma casinha com grandes girassóis pintados na parede e um deck de madeira na calçada com duas mesinhas que convidam a sentar e desfrutar da paisagem que a Vila Madalena sempre oferece. Mal se pode imaginar que dentro dela o convite é ainda mais irresistível: a típica culinária portuguesa.
O estabelecimento responde pelo nome Girassol do Alentejo e tem como chef e proprietário José Paulo Sobral Neto. Natural de Santiago do Cacém, Portugal, José Paulo se especializou em “cousine international” pela Le Cordon Bleu, a mais famosa escola de culinária, situada em Paris, França. Sua formação é hotelaria, mas de tanto palpitar nas cozinhas dos hotéis de diversos países em que trabalhou, resolveu mudar de profissão. E se deu muito bem. Em 1992, ele conquistou a primeira estrela no “Michelin”, o prestigiado guia gastronômico francês, com o prato cujo nome eternamente provisório é Penne ao Curry (veja receita na página 50). José Paulo continuou viajando pelo mundo e só desembarcou no Brasil em 1998. Seis anos depois abriu seu próprio restaurante.
O cardápio pode surpreender pelo preço bastante convidativo e pela pouca opção de pratos. São algumas sugestões de massa e carne e outras de porções, onde o destaque é o Bolinho de Bacalhau Imigrante (feito com mandioquinha ao invés de batata). Do tradicional bacalhau há apenas três variações: À Brás (bacalhau desfiado, batata palha e ovo), Com Natas (bacalhau, batata cozida e creme de leite) e À Lagareiro (posta de bacalhau, pimentão, azeitonas e batata). Mas, que português é esse? José Paulo não parece se importar com rótulos, até porque adora piadas de portugueses, mas revela que nem todas receitas estão disponíveis no cardápio. Ele mesmo gosta de aconselhar os clientes sobre os pratos que faz questão de preparar um a um. Se a intenção for saborear um bacalhau tipicamente português, lembre-se que o chef tem mais de 100 receitas extras. Um cardápio é mesmo pouco!

Máfia portuguesa

O clima do Girassol do Alentejo é uma atração à parte. Considerado por José Paulo uma tasca portuguesa, que no nosso português significa boteco, o Girassol do Alentejo tem uma decoração despretensiosa. O ambiente é pequeno justamente para reforçar o conceito informal. Prova disso é que os freqüentadores, vez ou outra, podem se deparar com o próprio José Paulo fazendo algumas performances inusitadas pelo espaço. “No final da noite, estão todos os clientes conversando e rindo juntos”, diz.
Os amigos mais chegados têm lugar e outras regalias garantidas no pequeno recinto com a “Mesa da Máfia Portuguesa”. Nela, ninguém, em hipótese alguma, pode se sentar se não possuir a carteirinha de sócio ou não for convidado. Portanto, quem quiser saborear os pratos alentejanos e não ficar para fora é bom fazer reservas. O restaurante anda lotando.

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