Patrícia Vanzolini é a primeira presidente da OAB-SP

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Foto: Divulgação

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Patricia Vanzolini (centro) e diretoria da OAB-SP

GVM 291 — Jan22

Criada em 1932 e depois de 22 presidentes homens, a OAB-SP elegeu em dezembro a sua primeira presidente, Patricia Vanzolini, advogada formada pela PUC-SP, professora universitária, com atuação destacada no direito criminal e assumiu o comando da entidade em janeiro.

Nascida no Chile quando seus pais – a psicóloga Maria Eugênia Vanzolini e o psicanalista Luiz Claudio Figueredo – se exilaram naquele pais para fugir da ditadura brasileira. Patrícia estava com 1 ano quando o general Pinochet deu um golpe de estado e depôs o presidente Salvador Allende. Seu pai ficou preso no Estádio Nacional onde o governo Pinochet manteve sequestrados e presos mais de 40 mil adversários políticos, chilenos e de outros países.

Ser eleita a primeira presidente da OAB-SP, a chapa encabeçada por Patrícia e por Leonardo Sica, seu vice-presidente, recebeu 35,8% votos e venceu o então presidente Caio Augusto Santos que buscava a reeleição, e que foi apoiado pelo presidente da OAB Nacional, Felipe Santa Cruz, que não a cumprimentou pela vitória, com 32,8% e na terceira colocação, com 10,2% dos votos, pela chapa liderada por Dora Cavalcanti, formada só por mulheres. O mandato de Patrícia vai de 2022 até 2024. Ela vai comandar a OAB-SP de 2022 até 2024, que conta com mais de 350 mil inscritos e um orçamento de 400 milhões de reais.

Sobre o significado de uma mulher presidir a OAB-SP, Patrícia, em entrevista por e-mail ao Guia da Vila Madalena, diz que “Mais do que ser reconhecida como a primeira presidente da maior Secional do país, desejo que minha gestão seja lembrada pela defesa intransigente das prerrogativas da advocacia e por valorizar a profissão. Se pensarmos que a Ordem começa na década de 1930, quando as mulheres sequer votavam, vamos considerar que, em uma parte desses 91 anos de OAB Nacional elas não eram nem cogitadas. Até o triênio anterior, não havia nenhuma presidente de secional OAB, por sua vez, no último pleito, cinco foram eleitas. Contudo, temos muito a avançar, enquanto sociedade, para acabarmos com o preconceito de que mulheres não podem assumir cargos de liderança.”

Entre as mudanças que pretende trazer à OAB-SP, a advogada e professora universitária, cita “na primeira semana de gestão anunciamos, como uma das primeiras medidas, as regras de equidade racial e paridade na formação das listas sêxtuplas, do Quinto Constitucional, em que são escolhidos os desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo. Essa medida faz parte de um dos nossos pilares de atuação, que visa assegurar a representatividade e diversidade em todos os espaços da OAB SP. Além disso, temos o objetivo de criar um núcleo de estudos e práticas em equidade racial, justiça e democracia. Outra medida, é o estímulo e apoio aos programas de diversidade nos escritórios de advocacia, além da fiscalização da atuação dos órgãos de justiça para controle e reação contra práticas e decisões discriminatórias.”

Além da defesa à categoria dos advogados, Patrícia destaca a atuação da entidade em favor da população, “A OAB SP promove, com exclusividade, a representação, defesa, seleção e disciplina da advocacia. Ao defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito, os direitos humanos e a justiça social, também contribui com a consolidação das instituições democráticas e da cidadania brasileira.”

Patrícia é moradora da Vila Madalena desde 2007e revela que “frequento muito o comércio local. Sou cliente do restaurante Saj, Livraria da Vila, as padarias e lamento que a Santa Etienne, tenha fechado por conta da pandemia. Adoro a praça Rafael Sapienza, ao lado do Fórum de Pinheiros, onde vou muito com a minha filha”.

Seu avô materno, Paulo Vanzolini, cientista e doutor em zoologia formado em Harvard ajudou a fundar a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e foi um importante colaborador do Museu de Zoologia da USP, também é autor de vários livros sobre zoologia e compositor de sucessos da música brasileira como “Ronda” e “Volta por cima”. Patrícia conta que “não foi influenciada pelo avô na escolha pelo Direito, mas certamente [ele] influenciou a minha crença de que é possível conciliar várias habilidades e que uma pessoa pode ser boa em várias coisas, e a arte pode sempre fazer parte de tudo. Ele era um grande zoólogo, um grande cientista e também um grande artista. Tenho uma formação em Direito, mas também tenho uma formação de teatro, que fiz durante minha juventude e acho que essas coisas são complementares e não excludentes. Ele me influenciou, certamente, na percepção de que podemos ser bons em várias coisas e que devemos sempre manter valores muito rigorosos e princípios muito rígidos”, finaliza. (GA)

www.oabsp.org.br

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