O mural de Eduardo Kobra em homenagem às vítimas da Covid-19

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O mural colorido com cinco crianças usando máscaras de cinco religiões. Desta forma, Eduardo Kobra, homenageia as vítimas da Covid-19.

A inauguração deste mural aconteceu no dia 6 de maio. Com quase 200 m², o trabalho do Kobra e o artista deu o nome de “Coexistência – Memorial da Fé por todas as vítimas do Covi-19”. Inicialmente o artista fez uma tela em 2020 e posteriormente ele decidiu levar para um espaço maior e o local escolhido foi a parede lateral da Av. Henrique Schaumann da Paróquia do Calvário. Kobra ocupou com o novo mural um antigo trabalho que fez em referência à São Paulo antiga, no projeto Muro das Memórias.

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Com o colorido que é uma das suas marcas registradas, Kobra entrega à cidade um trabalho que tem se propõe a ser uma mensagem de fé e de esperança sem deixar de lado a importância da Ciência, simbolizada pelo fundamental uso de máscaras. “Da mesma forma que Deus deu ao homem o dom da arte, também dotou o ser humano da capacidade da produzir Ciência. Por isso não há qualquer contradição em acreditar em Deus e, também, seguir as recomendações dos especialistas no combate ao Covid-19”, diz o muralista, que trabalhou no mural durante 20 dias, atrás de tapumes, para evitar aglomerações. Ao lado da assinatura de Kobra, foi afixada uma pequena caixa onde as pessoas possam deixar bilhetes com agradecimentos, pedidos e orações.

Na inauguração do mural “Coexistência…” foram convidados e estiveram presentes, líderes das cinco religiões retratadas. Dom Odilo Pedro Scherer, cardeal arcebispo da Arquidiocese de São Paulo; Michel Schlesinger, rabino da Congregação Israelita Paulista (CIP), do monge Ryozan, sensei na comunidade Zen Budista; do sheikh Jihad Hammadeh, vice-presidente da União Nacional das Entidades Islâmicas; e de Sri Prem Baba, mestre espiritual e herdeiro da linhagem de yogues indianos Sachcha. Além deles, Mãe Carmen de Oxum, Iyalorixá Carmem de Oxum, do Ilê Olá Omi Ase Opo Araka, do Candomblé e o Pastor Gustavo Schimit, da Igreja Evangélica Luterana do Brasil.

Todos os religiosos presentes e o artista fizeram um breve pronunciamento. Em sua breve fala sobre a obra, Kobra se declarou “sou um homem de fé que acredita na Ciência”. O padre Norberto Donizete Brocardo, da Paróquia São Paulo da Cruz (do Calvário), “neste mural homenageiam os profissionais de saúde, as vítimas e as famílias das mais de 414 mil mortes no Brasil”. O padre provincial Leudes de Paula, reforçou o “compromisso social com a vida que todos temos neste momento”.

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O rabino Schlesinger se referiu ao momento como “uma travessia que envolve toda a humanidade”. O monge budista Ryozan fez uma prece e “destacou a importância da união das religiões neste momento”. Sri Prem Baba fez uma reza. A Mãe Carmen lembrou da “tristeza que as pessoas sofrem com a pandemia mas acredito que vamos vencer, com a fé em Oxalá!”. O sheik Jihad “peço a Deus que cure a todos e que conforte os enfermos da Covid e que tenhamos fé na Ciência”. Dom Odilo, “peço orações para todos os que sofrem neste momento por conta da pandemia”.

O trabalho com spray em imensos murais pela cidade de São Paulo. Kobra homenageou famosos como Ayrton Senna, Oscar Niemeyer, Chico Buarque e Ariano Suassuna, e outros com temas específicos como os que se posiciona contra os rodeios (Av. Faria Lima), contra a pesca das baleias (em Perdizes). A cidade também foi retratada em vários murais: O Muro das Memórias que ocupa uma lateral do Senac Tiradentes, Sobre Bike e mobilidade na Rua Tavares Cabral, o Escadão das Bailarinas em uma escadaria da Rua Cardeal Arcoverde. A Covid também levou o artista a criar o mural A Mão de Deus, que ocupa uma parede junto ao Elevado João Goulart no Pacaembú. Criou dois quadros que foram doados aos Instituto Butantan e Fiocruz. Embora toda a obra de rua, como o pixo e os grafites, possam ser apagadas ou cobertas com novos trabalhos, Kobra, assim como outros artistas de rua, teve trabalhos apagados. Uma série de painéis do projeto Muro das Memórias, na Avenida 23 de Maio, retratavam em preto e branco uma São Paulo antiga, foram encobertos de tinta cinza no início da administração do então prefeito João Doria.

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Kobra tem trabalhos em diversas cidades de 35 países pelo mundo. Um dos mais conhecidos é a homenagem que fez a Anne Frank, em uma das paredes do museu da menina vítima dos nazistas, em Amsterdan (Holanda). O artista paulistano, busca com seu trabalho democratizar a arte e transformar as ruas, avenidas, estradas e até montanhas em galerias a céu aberto. Autodidata, Kobra começou pelo pixo, depois passou para o grafite até chegar ao muralismo com muito talento e consciente de que sua arte transmita uma mensagem além da beleza. (GA)

www.eduardokobra.com

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